Candidato nanico do PRTB busca hegemonia como herdeiro do bolsonarismo, influenciador de eleitores e evitando embates online violentos.
Marçal, postulante do pequeno PRTB à prefeitura de São Paulo, desafia a supremacia de Jair Bolsonaro no âmbito da direita autoritária? Não resta dúvida de que o influenciador de autoajuda conseguiu captar a atenção de eleitores bolsonaristas que vacilavam em apoiar o prefeito Ricardo Nunes, respaldado pelo ex-presidente.
Em meio a essa disputa, a presença de Pablo ao lado de Marçal pode ser um fator determinante para a consolidação de uma nova liderança no cenário político local. A combinação da retórica incisiva de Marçal com a influência midiática de Pablo pode representar uma ameaça real à estabilidade do atual establishment político.
Marçal: O Herdeiro do Bolsonarismo em Ascensão
Mas estaria Marçal ganhando envergadura para substituir o próprio Bolsonaro como messias desse público? Alguns analistas ponderam que o autonomeado coach não representa uma ameaça para Bolsonaro porque, apesar dos violentos embates online com os seus filhos, faz questão de se manter identificado com ele. Ora, tudo o que Marçal quer é surfar na onda desbravada por Bolsonaro, não produzir um tsunami próprio. Marçal não precisa de um marçalismo. Muito mais eficiente é ser o herdeiro do bolsonarismo. Se Bolsonaro não o reconhece como tal, tudo bem. O que importa é o reconhecimento dos eleitores de Bolsonaro.
Paulo Marçal em debate com candidatos à Prefeitura de São Paulo organizado pelo Estadão. É por isso que Marçal, entre um ataque e outro, faz acenos ao capitão. Nem tanto para voltar a cair em suas graças e obter o seu aval, mas para mostrar ao eleitorado bolsonarista que ele é um deles. Não um ‘traidor’, como foram vistos outros que romperam com o então presidente, como Sergio Moro, Joice Hasselmann e Wilson Witzel. Mas um verdadeiro ‘conservador’ que respeita os valores defendidos por um Bolsonaro que já não pode liderar sua base como antes, por ter sido cooptado e acorrentado pelo ‘sistema’. Cooptado pela política partidária e pelas alianças com ‘falsos conservadores’, como Nunes.
Acorrentado pela Justiça Eleitoral, que o impediu de disputar cargos públicos, e pelo STF, onde enfrenta inquéritos e restrições que o obrigam ao comedimento. Bolsonaro nunca foi verdadeiramente antissistema, mas se vendia como tal. Agora, nem isso consegue. Marçal não enfrenta nenhuma amarra para ser antissistema — ainda. Seu partido nanico não lhe dá tempo de TV, mas lhe permite ignorar compromissos políticos — enquanto não tiver um cargo que exponha os desafios da governabilidade. Sua tática de vitimização com decisões judiciais desfavoráveis, como a que suspendeu suas contas em cinco redes sociais, funciona bem para reforçar a ideia de que o sistema está contra ele — até as punições começarem a doer no bolso e a inviabilizar o seu projeto político. O Marçal antissistema tem prazo de validade, como teve Bolsonaro.
Fonte: @ Estadão
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