Bióloga gaúcha desmente falsas promessas da dengue, atraindo milhões com vídeos curtos sobre ciência.
Observando a câmera, bem enquadrado em um retângulo vertical, o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, participa de uma sessão de perguntas no Instagram, como um usuário comum. ‘É verdade que o mosquito da dengue só pica até as 18h?’, pergunta um suposto internauta. ‘Sim, é verdade. Na Internet, essa informação é amplamente difundida’, responde o mosquito.
No segundo parágrafo, o Aedes Aegypti explica que, além da dengue, ele também é responsável pela transmissão de outras doenças, como a zika e a chikungunya. Mesmo sendo um inseto pequeno, sua presença pode causar grandes problemas de saúde para a população. Portanto, é importante manter-se informado sobre essas questões na web e adotar medidas de prevenção adequadas.
Explorando a Internet e a Ciência de Forma Divertida
Deu 18h, acabou, c’est fini. Com uma camiseta listrada, asas possivelmente provenientes de uma fantasia de fada, boné, óculos escuros e um cone de papel no nariz, quem responde na verdade é a bióloga gaúcha Mari Krüger, de 35 anos. Com personagens como esse e bastante humor, ela faz sucesso nas redes online com algo que por muito tempo foi visto — e talvez seja até hoje — como sisudo e sem graça: divulgação científica. Popularizando a ciência, ela já soma mais de 1 milhão de seguidores na web e quase 800 mil no TikTok. Formada em 2013, ela tomou um rumo inesperado: virou DJ. Mas, com a pandemia de covid-19, as casas noturnas fecharam e ela voltou para a dela. Se divertiu muito com os vídeos curtos do TikTok e, para ‘não enlouquecer’, começou a gravar também, usando curiosidades científicas que lembrava da época da faculdade. Não era profissão, até que se tornou. Mari viralizou colocando em xeque a indicação indiscriminada de suplementos por parte de algumas blogueiras, mas não se restringiu a esse assunto e hoje aborda diferentes pautas — e produtos. Isso exige estudo e tempo, por isso, comemora quando consegue gravar três vídeos por semana, uma antítese à produção taylorista de outros influenciadores. Não dá Ibope’, defende Mari Krüger. ‘Viu um conteúdo que você não gosta? Não dá Ibope’, defende Mari Krüger. A experiência como uma quase ‘fiscal’ dos produtos da internet — ela é constantemente convocada pelos seguidores a desvendar conteúdos duvidosos nas redes — levou a uma visão especial de como a mentira é mais sedutora. ‘A desinformação é muito direta e simples de ser digerida. A ciência é mais complexa. Ela vai responder ‘depende’ quando você fizer uma pergunta.’ No estúdio da TV Estadão, ela deu dicas de como nadar contra a maré de desinformação e falou sobre o processo de produção de seus vídeos. Confira a entrevista: Alguns pesquisadores definem influenciador como alguém que quer vender algo nas redes. Você se considera uma influenciadora? Ou talvez uma ‘desinfluenciadora’? O termo influenciadora me incomoda um pouco. Porque quando a gente fala ‘sou influenciadora’, o que vem à mente é a galera com que eu não queria parecer. Mas vendo coisas. Além de oferecer, de graça, o meu conhecimento, trabalho com muitas marcas. Essa é a minha fonte de renda porque, infelizmente, a monetização não paga tão bem quanto deveria. Inclusive, eu gosto de usar a expressão desinfluenciadora para a pessoa que está fazendo uma influência errada, que está desinformando. Eu gosto da ideia de que eu influencio as pessoas para comprar, mas também influencio com conhecimento. Como você escolhe as publicidades? É delicado. Quando percebi que isso ia ser uma profissão, quando as marcas começaram a entrar em contato comigo, me desesperei porque pensei: ‘Não vou conseguir trabalhar com nada’. Mas, na verdade, o que aconteceu foi justamente o contrário. Por eu fazer um trabalho baseado em ciência e ser muito criteriosa com as marcas com as quais trabalho,
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo