Vagalumes atraem parceiros com sinais luminosos, mas seus predadores usam esse truque para encontrá-los no esconderijo.
Nos filmes de James Bond é comum vermos uma cena em que o vilão prende a protagonista em um esconderijo e a utiliza como isca para atrair nosso herói, que acaba sendo capturado. Nessas situações, os gritos desesperados da moça são enviados ao herói, que, mesmo sabendo do perigo, corre para salvá-la, mostrando sua coragem e determinação. A presença da aranha nesse enredo traz um toque de suspense e perigo, intensificando a trama.
Em meio a essa trama de ação e intriga, o aracnídeo simboliza o perigo iminente que ronda os personagens, representando a ameaça constante que paira sobre eles. Mesmo diante do risco, o herói não hesita em enfrentar o vilão e salvar a mocinha, mostrando sua bravura e determinação. A presença da aranha, como um elemento simbólico, adiciona uma camada de tensão e mistério à narrativa, mantendo o espectador envolvido do início ao fim.
Comportamento da espécie Araneus ventricosus foi avaliado pelos cientistas
Mas, se a memória não me trai, a vítima costuma ser do sexo feminino e nosso herói sempre teve a reputação de ser um garanhão incontrolável. O comportamento da espécie aracnídea Araneus ventricosus foi minuciosamente analisado por cientistas curiosos. A grande novidade é que uma determinada espécie de aranha emprega exatamente o mesmo truque. No entanto, ao contrário do agente 007, que sempre salva a mocinha, no caso das aranhas, o macho corajoso acaba perecendo e servindo de alimento.
O vagalume da espécie Abscondita terminalis e a aranha vilã
Nesse intrigante exemplo de astúcia desenvolvida ao longo de milhões de anos pela evolução darwiniana, a vítima é um tipo de vagalume e o vilão é a aranha. O vagalume da espécie Abscondita terminalis utiliza sinais luminosos para atrair seu parceiro sexual. Os machos possuem duas lanternas no abdômen, emitindo pulsos de luz sequenciais, enquanto as fêmeas emitem sinais únicos espaçados. Essa diferença nos sinais permite que ambos os sexos se identifiquem e se aproximem com intenções amorosas.
James Bond e o vagalume capturado
Em 1974, o personagem James Bond do filme ‘O Homem com a Pistola de Ouro’ protagonizou cenas de ação e suspense. No entanto, de tempos em tempos, um vagalume macho acaba preso nas teias habilmente tecidas pela aranha Araneus ventricosus. Uma vez capturada a presa, a aranha reconhece que se trata de um vagalume, picando-o levemente para envenená-lo, mas mantendo-o vivo. Em seguida, como os vilões clássicos, a aranha amarra e imobiliza o vagalume, envolvendo-o nos fios usados para a construção da teia.
Estratégia da aranha e o truque do vagalume
O ponto crucial é que a picada e a imobilização não impedem o vagalume de continuar emitindo sinais luminosos, indicando sua localização. Isso atrai outros vagalumes para a proximidade da teia, onde acabam sendo capturados. Uma curiosidade é que os vagalumes machos capturados pela aranha passam a emitir sinais semelhantes aos das fêmeas, atraindo outros machos para a armadilha.
A isca sexual e o sucesso da aranha
Mas será que esse ardil de usar um vagalume macho como isca sexual realmente aumenta a eficácia da aranha? Para testar essa teoria, os cientistas compararam o número de presas capturadas por aranhas em teias com e sem a presença de vagalumes piscando. A análise foi realizada em um total de 161 teias. Os resultados revelaram que as teias sem iscas sexuais capturavam, em média, menos de um vagalume por noite, enquanto as teias com vagalumes atraíam mais de dois vagalumes por noite.
Conclusão: a tragédia do herói e o sucesso da aranha
Isso comprova que, assim como os vilões dos filmes de James Bond já sabiam, uma isca sexual, sinalizando sua presença de forma constante, atrai eficazmente a presa macho. No entanto, ao contrário do desfecho hollywoodiano, o herói que vem resgatar a mocinha acaba encontrando seu trágico destino nas garras da aranha. Por essa razão, na próxima vida, talvez seja mais seguro reencarnar como James Bond, que, desde sua criação em
Fonte: @ Estadão
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