Fraudes em operação que segue o dinheiro revelam esquema de apropriação de fortunas de mortos sem herdeiros por empresa especializada.
Os primeiros indícios sobre o esquema que teria sido articulado por magistrados e advogados do Espírito Santo para retirar heranças, sob investigação na Operação Follow The Money, surgiram durante uma inspeção de praxe da Corregedoria do Tribunal de Justiça do Estado, em novembro de 2023. Até mesmo uma empresa especializada na venda de pedras de granito era envolvida no esquema para falsificar contratos de compra e venda.
Além disso, foram descobertas diversas irregularidades que apontavam para um esquema fraudulento, envolvendo juízes e advogados, no desvio de heranças no Espírito Santo. A investigação revelou que o esquema estava em operação há anos, causando prejuízos significativos. A operação Follow The Money continua a desvendar os detalhes desse esquema obscuro.
Operação Follow The Money: Desmantelando um Esquema Fraudulento
Em um processo recente, foi descoberto um contrato falso que totalizava R$ 10 milhões. No entanto, a execução da dívida foi interrompida devido ao espólio da falecida, que detectou as irregularidades e denunciou a fraude. O Ministério Público estima um prejuízo adicional de mais R$ 17 milhões, revelando a extensão do esquema fraudulento.
A Operação Follow The Money surpreendeu ao prender o juiz Bruno Fritoli Almeida em agosto, devido a fortes indícios de sua ligação com o esquema fraudulento em questão. O procurador-geral de Justiça do Espírito Santo, Francisco Martinez Berdeal, não poupou esforços ao denunciar 20 investigados, incluindo os juízes Fritoli Almeida e Maurício Camatta Rangel, destacando a gravidade das acusações.
A investigação minuciosa da Corregedoria do Tribunal de Justiça revelou uma série de irregularidades em comarcas capixabas, sugerindo um padrão de fraudes que vinha se estendendo. Decisões judiciais suspeitas, demandas semelhantes ou idênticas, direcionamento de processos, cláusulas de confidencialidade e sigilo foram algumas das práticas detectadas, indicando a complexidade do esquema fraudulento.
O Ministério Público iniciou as investigações em dezembro de 2023, após alerta do Tribunal de Justiça. A quebra de sigilos e a análise criteriosa dos processos revelaram a extensão do esquema fraudulento, que envolvia diversos setores do universo forense do Estado.
Ricardo Nunes de Souza, apontado como líder do esquema na denúncia, foi identificado como o responsável por comandar a organização criminosa. Sua atuação pessoal em atos de execução e a conexão entre os denunciados foram elementos-chave na investigação. Fotografias de pedras de granito idênticas nos pedidos chamaram a atenção dos investigadores, evidenciando a sofisticação do esquema fraudulento.
A defesa do juiz Bruno Fritoli Almeida negou veementemente as irregularidades, ressaltando sua conduta ilibada ao longo da carreira. Enquanto isso, o juiz Maurício Camatta Rangel está sob escrutínio, aguardando esclarecimentos sobre seu envolvimento no esquema fraudulento.
A denúncia aponta para a identificação de mortos sem herdeiros e com valores expressivos em contas bancárias ou imóveis. A falsificação de contratos e documentos era o modus operandi do grupo, que buscava obter vantagens indevidas por meio de pedidos fraudulentos de dívidas inexistentes.
O desenrolar desse caso complexo agora está nas mãos do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, que terá a responsabilidade de julgar os envolvidos e garantir a justiça diante das fraudes descobertas.
Fonte: @ Estadão
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