A vida na fase mais avançada é cheia de luta e ensinamentos preciosos para os mais novos aprenderem a pescar de forma correta. A esperança pode ser o maior peixe nessa importante e produtiva idade.
Revisando a fábula ‘O Velho e o Mar’, de Ernest Hemingway, penso na conjuntura política atual, em que surge um etarismo, especialmente em certos setores da imprensa, tentando estigmatizar, e por vezes conseguindo, os indivíduos de idade avançada, revelando um preconceito intolerante contra eles. Enquanto Hemingway redigia aquele renomado conto, assim como o personagem Santiago, velho pescador, era considerado um escritor em declínio que, para alguns, já estava acabado, com decrepitude oriunda de ser um idoso.
Nesse contexto, é crucial combater qualquer forma de discriminação por idade, rejeitando o viés etário que desrespeita a sabedoria e a experiência acumulada ao longo dos anos. A valorização dos mais velhos é essencial para uma sociedade inclusiva e justa, livre de preconceito e focada no respeito mútuo. É fundamental desconstruir os estereótipos negativos associados à idade e promover a diversidade etária em todos os âmbitos da vida social.
O Poder da Etarismo na Obra de Hemingway
Todavia, é nessa fase da vida bastante adiantada que o renomado escritor Ernest Hemingway escreveu sua obra-prima ‘O Velho e o Mar’, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 1954. Assim como Hemingway, o personagem principal da narrativa, Santiago, alcança um feito notável ao pescar o maior peixe de sua vida, um marlim de 7 metros de comprimento.
No conto, Santiago simboliza a perseverança e a esperança que podem ser mantidas mesmo em idade avançada, mostrando como a fé e o otimismo podem impulsionar a persistência, mesmo diante de desafios e do cansaço.
Na vida real, é comum haver dúvidas sobre a capacidade dos idosos de completar suas missões, especialmente expressas por pessoas mais jovens. No entanto, muitas vezes, é nessa fase mais avançada da vida que os indivíduos realizam suas obras mais importantes e produtivas.
Na esfera pública, somos como pescadores em busca de conquistas valiosas. Alguns se aventuram em águas turvas e confusas, colhendo experiências indigestas. Outros preferem águas claras, revelando suas conquistas a todos. Há também aqueles que se contentam com produções de menor importância em águas rasas. No entanto, alguns poucos idosos possuem a habilidade de pescar em águas profundas, onde encontram tesouros de grande relevância e qualidade, enriquecendo a humanidade e promovendo o progresso.
Apesar de críticas que consideram os idosos decadentes, a experiência adquirida ao longo dos anos pode resultar em frutos valiosos e positivos. A vida daqueles que buscam o bem é marcada por desafios, que na velhice se transformam em sabedoria capaz de enriquecer a visão de mundo e transmitir valiosos ensinamentos.
Felizmente, existem jovens idealistas que reconhecem o valor dos mais velhos e se beneficiam de seus ensinamentos. Por outro lado, há casos em que a idade avançada compromete a lucidez necessária para exercer funções públicas de forma eficaz, como observado recentemente na disputa eleitoral nos Estados Unidos.
Fonte: @ Estadão
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