Uma cangaceira sertaneja se torna figura de revolta contra a desigualdade social brasileira, revivendo o mito do cangaceirismo e questionando a política.
No estado do Ceará, no Brasil, o nome do Lampião é sinônimo de rebeldia e liberdade, especialmente quando mencionado no contexto de sua vida como cangaceiro. Seu legado é fascinante e complexo, e Wolney Oliveira, autor de “Revi Lampião, governador do sertão”, captura essas nuances de maneira profunda. O livro já havia sido apresentado no Festival É Tudo Verdade e agora chama a atenção em Fortaleza.
O livro é uma abordagem interessante sobre a vida do famoso cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião. Com uma abordagem que mistura ficção e realidade, Wolney Oliveira apresenta uma visão única sobre essa figura lendária. O livro é uma homenagem ao bandido e ao seu papel na história do Brasil, oferecendo uma perspectiva inovadora sobre o que significa ser um cangaceiro. Com essa análise, o leitor pode desvendar a complexidade da vida de Lampião e seu impacto duradouro na cultura brasileira.
Um filme que revitaliza o mito de Lampião
Lampião, o lendário cangaceiro, é retratado como um personagem contraditório e enigmático. Sua figura é complexa, sendo considerado tanto um herói quanto um vilão. A percepção da população mais pobre o via como um justiceiro, alguém que defendia os direitos dos oprimidos. O historiador Eric Hobsbawm descreveu Lampião como um ‘bandido social’, seguindo o exemplo de figuras como Robin Hood, que roubava dos ricos para distribuir entre os pobres. No entanto, Lampião não se encaixava exatamente nessa categoria. Ele era respeitado e temido pelas autoridades coroneis do seu tempo, e a população mais carente o via como um aliado. O mito de Lampião foi criado com base em fatos, reais ou imaginários, e versões de sua vida. Ele era considerado um líder de bando arbitrário ou justo, dependendo da perspectiva. Alguns o viam como cruel, enquanto outros o retratavam como gentil. A polêmica em torno de sua figura é vasta, e até mesmo autoridades como escritores e pesquisadores têm opiniões divergentes sobre ele.
Os depoimentos de velhos cangaceiros e cangaceiras
Para entender melhor o mito de Lampião, o filme conta com depoimentos de velhos cangaceiros e cangaceiras que o conheceram pessoalmente. A filha e a neta de Lampião, Expedita e Vera, também contribuem com suas memórias e perspectivas. Além disso, especialistas como o pesquisador Frederico Pernambucano de Mello e o escritor Ariano Suassuna compartilham seus conhecimentos sobre a vida de Lampião e seu impacto na sociedade. A discussão é intensa, com even<2>tes discutindo o hábito de Lampião beber uísque escocês, com alguns acreditando que isso era um sinal do atraso, enquanto outros o viam como um símbolo de rebeldia contra a desigualdade social brasileira.
Lampião na cultura popular
A figura de Lampião ressurge na cultura popular, aparecendo em filmes, livros, cordéis e pinturas. Ele é um ícone da revolta popular contra o autoritarismo, e sua luta contra as autoridades corroneis é vista como uma forma de justiça social. O cangaceirismo é estudado por pesquisadores, e sua importância na história do Brasil é reconhecida. Lampião é um símbolo da desigualdade social brasileira e da revolta contra a injustiça, e sua figura continua a inspirar artistas e intelectuais até hoje.
Fonte: @ Estadão
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