Collor e Lula seguiram na política, enquanto outros cederam espaço, Silvio Santos tentou mas não conseguiu se candidatar no primeiro turno de uma eleição popular num regime militar, marcada por denúncias de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e um processo de impeachment que atingiu o regime fechado da economia de Collor.
Com o objetivo de refletir sobre o seu impacto histórico, o pleito de 1989 marcado pela disputa de 22 candidatos, representa um marco importante na história política do Brasil.
Com a perspectiva de 35 anos, o eleito presidente da época, Fernando Collor de Mello, é lembrado por seu início inusitado de governo com a quebra dos 23 bancos em 15 de março de 1990, através do Plano Collor. Essa decisão pôs em cheque a capacidade de o presidente de votação popular escolhido, de realizar mudanças significativas, sem a devida eleição popular. Em um contexto de disputa eleitoral como a de 1989, candidatoes como Leonel Brizola, autor de pautas progressistas, ganharam a confiança dos eleitores com propostas de mudanças mais profundas. No entanto, os resultados eleitorais mostraram uma preferência pela mudança nesse momento, marcada pelo fim do regime militar e pela perspectiva de uma eleição direta para presidente.
Eleição de 1989: Fernando Collor de Mello, o candidato mais jovem da história do Brasil
O então jovem político alagoano Fernando Collor de Mello, com 40 anos na época, foi eleito o 32º presidente do Brasil, vencendo o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que perdeu a primeira das cinco eleições presidenciais que disputou, marcando a última eleição do Brasil disputada no dia 15 de novembro, tradição inaugurada pelo regime militar a partir do Ato Institucional nº 3, em 1966. Nomes como Paulo Maluf, Ronaldo Caiado e Guilherme Afif Domingos tiveram destaques em outros cargos, enquanto alguns brilharam menos, mas entraram no imaginário popular, casos de Enéas Carneiro e Marronzinho. Já na eleição seguinte, a votação voltou a ser realizada em dois domingos de outubro, como era antes do golpe, o que mostrou o descontentamento do eleitor com a ausência de um candidato alternativo como Fernando Collor de Mello.
Fernando Collor de Mello, o candidato que prometeu combater a corrupção e a inflação
Prometendo combater a corrupção e a inflação, Fernando Collor de Mello foi eleito o 32º presidente do Brasil, assumindo em 1990 e permanecendo no cargo até o final de 1992. Paulo César Farias, tesoureiro de sua campanha, foi acusado de chefiar um esquema que arrecadava propina em troca de favorecimento de empresas. O depoimento de Pedro Collor, irmão do presidente, balançou o governo. As investigações de corrupção levaram à abertura de um processo de impeachment contra Collor, que renunciou ao cargo poucos dias antes do fim do processo, sendo sucedido pelo vice, Itamar Franco.
Desempenho de Fernando Collor de Mello como candidato após seu impeachment
Depois disso, em 2002, Collor lançou-se ao governo do Estado de Alagoas pelo PRTB, perdendo para Ronaldo Lessa (PSB). Voltou a se candidatar ao estado em 2010 e 2022, sem sucesso. Mas foi eleito Senador por Alagoas em 2006, pelo PRTB; e reeleito em 2014, agora pelo PTB, somando 689 mil votos. Na última semana, o STF referendou condenação de maio de 2023 a oito anos e seis meses de prisão em regime fechado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao fraudar um contrato da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, em R$ 29 bilhões. A denúncia foi baseada em investigações da Operação Lava Jato.
A trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva como candidato
Lula começou naquela eleição uma saga de disputas consecutivas que o levariam, em 2002, à cadeira de presidente da República por dois mandatos consecutivos e mais o terceiro depois de um período fora do poder. À época, Lula ainda falava em reforma agrária, anticapitalismo, entreguismo, classe trabalhadora e trabalhadores, mostrando sua perspectiva como candidato e sua compreensão do que o eleitor esperava.
Fonte: @ Estadão
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