Brasília não apoia a ideia de que o fiscal está ligado aos juros altos, pois o foco sai da vilania do BC.
Juros não são tarifas públicas. Não são preços (taxas) que a autoridade fixa arbitrariamente, em qualquer número que julgue conveniente. Parece, mas não é. Em tempos passados, houve um debate semelhante com relação ao câmbio. No sistema de controles cambiais, que vigorou desde a República Velha, era mesmo o BC a definir a taxa de juros.
Hoje em dia, os juros são determinados por diferentes fatores econômicos. As taxas de juros podem variar de acordo com a política monetária do país. É importante estar atento às mudanças nas taxas de juros para tomar decisões financeiras mais conscientes e planejadas.
Juros: O Desafio da Desregulamentação
Com o início da desregulamentação nos últimos anos da década de 1980, o mercado assumiu o controle da definição de muitas questões. O Banco Central passou a atuar de diversas formas, comprando e vendendo no mercado, mas sempre respeitando os ‘fundamentos’. Ficou evidente rapidamente que desafiar o consenso de mercado era uma tarefa efêmera, e muitos não viam com bons olhos esses consensos.
O edifício sede do Banco Central em Brasília tem uma semelhança marcante com os juros. Assim como no futebol, há muitos torcedores, muitas dúvidas fundamentais e poucas certezas. Uma delas, ressalte-se, é que os juros não são simplesmente ‘um preço administrado’, como foi definido pelo então ministro Mercadante nos tempos da Nova Matriz.
Será que estamos caminhando para uma situação em que os juros são ‘administrados’? Assim como acontece com o câmbio, existem ‘fundamentos’ a serem respeitados para os juros, embora a Autoridade tenha mais poder de intervenção nesse caso. No entanto, esse poder não é ilimitado. O ideal é permitir que o mercado opere de acordo com os ‘fundamentos’.
Mas quais são exatamente esses ‘fundamentos’ dos juros? O que determina a oferta e a procura nesse mercado? É nesse ponto que entram em cena as questões fiscais e a dívida pública. O alto nível de juros é, essencialmente, um problema fiscal. É importante frisar que o tema dos juros está intrinsecamente ligado à questão fiscal.
Essa será a grande tese polêmica nos próximos anos, assim como foi a ideia de que a hiperinflação era uma questão monetária, não de ganância. Resolver o problema dos juros altos não será uma questão de voluntarismo ou coragem política. Será necessário trabalhar nos ‘fundamentos’.
Aqueles que vivem acima de suas possibilidades acabam se endividando, e o endividamento compulsivo do governo eleva o custo do endividamento. Em Brasília, poucos gostam da ideia de que os juros altos estão relacionados à questão fiscal, pois isso desloca o foco da vilania do Banco Central para a irresponsabilidade coletiva decorrente de um processo orçamentário desequilibrado.
Fonte: @ Estadão
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