Jornalista da GloboNews no podcast ‘O Assunto’ fala sobre desafios da profissão e seu ‘sotaque salada’ na construção de redes de acesso.
As portas nem sempre se abriram facilmente como hoje se abrem para Natuza Nery, 47, na cobertura jornalística. Na convivência com políticos e autoridades há 25 anos, no começo de sua carreira em Brasília, ela lembra, o desafio foi construir uma rede de relacionamentos e ter acesso aos mandatários para obter informações relevantes. Depois, surgiu outro problema: o machismo.
No cenário político atual, a jornalista Natuza Nery destaca a importância de manter a ética e a imparcialidade em suas reportagens. Em meio à complexidade da política brasileira, ela se mantém firme em seu compromisso com a verdade e a transparência. Sua atuação na esfera política é reconhecida por sua integridade e dedicação à informação de qualidade.
Construir uma rede na esfera política
A política é um cenário muito masculino e, consequentemente, machista. Recordo-me de quando estava grávida do meu filho e um político achou que podia tocar minha barriga. Eu recuava, jovem e sem saber como reagir. Hoje, eu diria: ‘Por favor, remova sua mão.’ Naquela época, não era comum expor assédios durante reportagens. As mulheres da minha geração lidavam assim: ‘Candidato, por favor, responda à minha pergunta’, tentando manter o foco na notícia. Agora, os políticos enfrentam mais dificuldades para desviar o assunto. Natuza Nery assumiu o comando do podcast ‘O Assunto’ após Renato Lo Prete. Iniciou sua carreira no jornalismo impresso e online, migrando para a televisão como comentarista e apresentadora. A transição de mídia exigiu novas habilidades e adaptação, especialmente para superar seu sotaque marcante. ‘Eu falava rápido e arrastava o som’, conta. Morando em Brasília, criada em Recife e nascida em São Paulo, filha de nordestinos, seu sotaque era uma mistura. No início, evitava ouvir sua voz no ar, mas passou a fazê-lo para aprimorar-se, dispensando sessões de fonoaudiologia. Atualmente, celebra os cinco anos do podcast O Assunto, com episódios memoráveis, como os sobre 8 de janeiro e o movimento redpill. Os ouvintes buscam elementos para debater questões importantes, principalmente políticas e econômicas. A polarização política desperta o interesse do público, com episódios sobre personagens polarizadores atraindo audiência. O podcast, com edições diárias, vai além de política e economia, abordando comportamento, saúde, cultura e temas internacionais. Com mais de 50% da audiência entre 18 e 34 anos, o programa se conecta com os jovens, essenciais para o ENEM e vestibular. Mãe de um adolescente prestes a ingressar no
Desafios na esfera política
ensino superior, Natuza destaca a importância de construir uma rede na política e enfrentar os desafios desse ambiente predominantemente masculino.
Fonte: @ Estadão
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