João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara, expressou preocupação da ala pragmática do PT e do Planalto após avanço da direita nas eleições, citando esquerda, Supremo e reforma ministerial.
A possibilidade de ter o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), à frente de um ministério em 2025, quando inicia a segunda metade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foi discutida no gabinete do presidente Lula bem antes do primeiro turno das eleições municipais. Essa ideia tem gerado controvérsias dentro do PT, especialmente entre a ala mais à esquerda do partido, que critica a aproximação com o Centrão.
No entanto, a proposta tem encontrado apoio inesperado entre alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que defendem o semipresidencialismo. Além disso, o desempenho fraco dos petistas nas urnas nas eleições municipais deu força à ideia de que Lula precisa de uma aliança mais sólida com o Centrão para garantir seu apoio nas eleições de 2026. A escolha de Lira para um ministério pode ser uma estratégia para fortalecer a base de apoio do governo. Mas, por outro lado, também pode ser vista como uma concessão ao Centrão, o que pode gerar resistência dentro do PT.
O Enigma do Centrão e o Futuro de Lula
O grupo político que tem um pé no governo de Lula e outro no barco do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) parece não se importar com a discussão sobre a possível aliança entre Lula e o presidente da Câmara, Arthur Lira. No entanto, essa discussão é crucial para o futuro do governo de Lula. Lula recebeu sugestões para levar Lira ao governo antes das eleições municipais, mas ele parece não estar interessado em mexer com a equipe ministerial no momento.
Enquanto isso, Lula culpa o PT pela falta de votos em candidatos do partido e evita falar sobre uma possível reforma ministerial no primeiro trimestre de 2025. ‘Em time que está ganhando não se mexe’, diz ele. No entanto, essa estratégia pode não ser suficiente para enfrentar o avanço da direita e o fenômeno Pablo Marçal.
O Avanço da Direita e o Fenômeno Marçal
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT) defendeu a ideia de levar Lira para o governo, expressando a preocupação da ala mais pragmática do PT e do Palácio do Planalto. Eles não sabem como enfrentar o avanço da direita e o fenômeno Marçal, que ficou em terceiro lugar na briga pela Prefeitura de São Paulo, apesar de ser filiado ao nanico PRTB e não ter tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV.
Uma pesquisa Genial/Quaest divulgada no domingo, 13, testou cenários com Lula, Marçal e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para o embate presidencial de 2026. Se as eleições fossem hoje, Lula teria 32% das intenções de voto, Marçal, 18%, e Tarcísio, 15%. Esses números mostram uma fenda na direita bolsonarista e justificam a proposta de João Paulo de levar Lira para o governo.
A Proposta de João Paulo e o Futuro do Governo
Os defensores da articulação afirmam que, passadas as eleições para a presidência da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2025, Lira pode auxiliar Lula a juntar o dividido Centrão e a dar estabilidade ao governo. Eles estão convencidos de que Lira conseguirá emplacar o deputado Hugo Motta (PB), líder do Republicanos, na sua vaga.
Com a experiência de quem vivenciou o escândalo do mensalão, João Paulo também disse que não se pode deixar derrotados no caminho após as eleições na Câmara. Qualquer semelhança com o desfecho da briga entre Dilma Rousseff e Eduardo Cunha não é mera coincidência. O argumento de quem quer ver o presidente da Câmara no primeiro escalão do governo é que somente ele teria como negociar com a parte do Centrão não tão bolsonarista assim uma aliança estratégica em torno de Lula para a disputa da reeleição, em 2026.
Fonte: @ Estadão
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