José Dirceu ligou para Salim Schahin, acionista do Grupo Schahin, e Delúbio Soares participou de reunião na sede do Banco Schahin, investigados pela Polícia Federal na Operação Passe Livre.
Dois executivos ligados ao Grupo Schahin revelaram, em delação premiada, a influência do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que atuou no Governo Lula, e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares em empréstimos ao empresário e pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa revelação trouxe à tona a relação estreita entre esses personagens e o Lula, que foi um dos principais líderes do PT.
Segundo os executivos, a influência de José Dirceu e Delúbio Soares foi fundamental para que o empresário José Carlos Bumlai obtivesse os empréstimos. Isso reforça a ideia de que o ex-presidente Lula e seu governo tinham uma relação próxima com empresários e líderes do PT, como o ex-ministro José Dirceu. A proximidade entre o poder político e o empresariado é um tema recorrente na política brasileira. Além disso, a delação premiada dos executivos do Grupo Schahin também destacou a importância do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares na obtenção de empréstimos para o empresário José Carlos Bumlai.
Investigação revela esquema de corrupção envolvendo Lula
José Carlos Bumlai foi preso em Brasília na segunda-feira, 23, durante a Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato. A prisão é resultado de uma investigação que envolve o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Documentos obtidos pela Polícia Federal revelam que o ex-ministro Dirceu e Delúbio influíram na liberação de empréstimos a Bumlai, que teriam como destino final os cofres do partido e de campanhas eleitorais, incluindo a reeleição do ex-presidente Lula em 2006.
O pedido de prisão de Bumlai, feito pela Polícia Federal, sustenta que ele é suspeito de participar de um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000 da Petrobrás, com a concessão de vantagem indevida a empregados da Petrobrás e ao Partido dos Trabalhadores. O depoimento de Sandro Tordin, ex-presidente do Banco Schahin, corrobora a versão de que houve influência do Partido dos Trabalhadores na obtenção do empréstimo em favor de José Carlos Bumlai.
Empréstimo de R$ 12,17 milhões e sua relação com o Partido dos Trabalhadores
O empréstimo foi feito em 2004 no valor de R$ 12,17 milhões e foi ‘imediatamente transferido para o Frigorífico Bertin Ltda (atual Tinto Holding) por intermédio de dois TEDs de R$ 6 milhões’. Executivos da Bertin foram conduzidos coercitivamente pela PF na Operação Passe Livre para depor. Os valores nunca foram devolvidos, segundo afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos.
A dívida teria sido paga com um contrato da Petrobrás e os valores ocultos em movimentações financeiras das fazendas de Bumlai. Durante o ano de 2009, de forma vinculada à assinatura do contrato com a Petrobrás, houve a quitação formal do débito de Bumlai junto ao Banco Schahin com uma simulação de dação de pagamento envolvendo notas promissórias relacionadas a um negócio de venda de embriões de José Carlos Bumlai às fazendas de propriedade da família Schahin.
Participação de Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores
O dono do grupo Schahin, que também fechou acordo de delação, disse que sabendo que a Petrobrás iria contratar uma operadora para o navio-sonda Vitoria 100000 teve a ‘ideia de quitar o débito com a contratação da Schahin para operação da embarcação’. Este ‘acordo’ teria contado com a participação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT.
Também em delação, o empresário Salim Schahin, um dos acionistas do Grupo Schahin, deu detalhes da participação de Delúbio e Dirceu na concessão de empréstimos a Bumlai. Salim Schahin afirmou que em meados de 2004, Bumlai foi levado ao Banco Schahin por Sandro Tordin, buscando tomar um financiamento de R$ 12 milhões. O empresário disse que participaram da reunião Delúbio Soares e José Dirceu, que influíram na agilização da liberação do crédito.
Fonte: @ Estadão
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