Controvérsias sobre desenvolvimento de projetos: créditos para recursos ou contra modo de vida de comunidades originárias; critérios e fiscalização são essenciais.
Com a implementação de projetos de crédito de carbono em comunidades indígenas praticamente estagnada há mais de um ano, é crucial que a Funai intensifique a supervisão para que os projetos possam avançar e que estabeleça critérios que facilitem o desenvolvimento desse setor.
Além disso, a retomada dos projetos de créditos de carbono em comunidades indígenas pode trazer benefícios ambientais significativos, contribuindo para a preservação da biodiversidade e a redução das emissões de gases de efeito estufa. É fundamental que haja um esforço conjunto para impulsionar essas iniciativas e garantir que as comunidades sejam devidamente compensadas por seu papel na proteção do meio ambiente.
Desafios no Desenvolvimento de Projetos em Territórios Indígenas
As atividades em territórios indígenas estão estagnadas após surgirem diferentes denúncias de abusos ao trabalhar com povos originários. O tema é sensível, e a questão dos créditos de carbono surge como uma possibilidade de garantir recursos para populações vulneráveis. No entanto, há vozes que alertam para os impactos dos projetos de carbono no modo de vida das comunidades tradicionais.
Para Kleber Karipuna, coordenador executivo da Associação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), a mercantilização da floresta está crescendo de forma preocupante. Ele destaca a importância de garantir que os contratos firmados com empresas desenvolvedoras de projetos não interfiram na cultura e no uso sustentável dos recursos naturais pelas comunidades.
Karipuna reconhece a complexidade da situação, pois as comunidades indígenas não podem simplesmente se afastar do mercado de carbono. Nesse sentido, a APIB orienta que aguardem a regulamentação do mercado por meio de um Projeto de Lei, visando maior transparência e proteção dos direitos.
A Funai emitiu uma nota técnica em abril, recomendando que as comunidades não participem de negociações de créditos de carbono sem critérios claros. A fundação aguarda a definição de legislação específica para analisar aspectos legais dos projetos e orientar as populações indígenas.
No setor privado, a diretora da Wildlife Works Carbon, Monique Vanni, destaca a importância de uma definição rápida sobre a fiscalização e a proteção dos direitos das comunidades. A empresa, pioneira no desenvolvimento de projetos de carbono com comunidades tradicionais, enfrentou denúncias de abusos em projetos anteriores.
A incerteza jurídica e a espera por diretrizes claras do governo brasileiro geram um clima de expectativa entre as empresas e as comunidades envolvidas. A necessidade de critérios e fiscalização adequada para os projetos é fundamental para garantir a sustentabilidade e o respeito aos direitos das populações locais.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo