Países anfitriões de campeonatos esportivos trazem sua cultura na festa de abertura, promovendo a nação. A França fez isso com arte e vanguarda.
Recentemente, durante a inauguração das Olimpíadas de Paris 2024, uma representação elaborada pela equipe responsável pela festa gerou intensos debates nas mídias sociais.
A festividade, que marcou o início das competições, foi marcada por uma celebração grandiosa, envolvendo atletas de diversas nacionalidades.
Festas e Celebrações Artísticas
Um tableau vivant, também conhecido como quadro vivo, foi o destaque da comemoração, entre várias outras belezas que remetiam à tradição artística da França. Essa forma de expressão artística ganhou destaque após a invenção da fotografia, sendo utilizada para recriar pinturas famosas com pessoas reais em fotografias.
Nas vanguardas históricas e na arte contemporânea, várias releituras foram feitas em quadros, filmes e performances. Algumas eram engraçadas, outras críticas, mas todas ganharam destaque durante a pandemia, quando internautas aproveitaram o tempo livre para recriar obras de arte memoráveis.
Voltando às Olimpíadas, é comum que os países anfitriões incorporem um pouco de sua cultura nas festividades de abertura dos jogos, como forma de promover o país e ambientar os participantes e espectadores. A França fez isso de maneira grandiosa, com releituras e atualizações de renomadas obras de arte e espaços culturais famosos, transmitidas para o mundo todo.
Em um desses momentos, um tableau vivant apresentou um grupo de drag queens ao redor de uma mesa, com Philippe Katerine, multiartista francês, no centro, com o corpo pintado de azul e decorado com flores e frutas. Todos estavam em clima de festa, celebrando de forma dionisíaca.
As festas dionisíacas eram comuns na Grécia antiga, sendo momentos de liberação, congregação e alegria, permeados por sátira e riso. A cena do tableau vivant, que inicialmente foi associada à Última Ceia de Leonardo da Vinci, na verdade fazia referência à obra A Festa dos Deuses, do pintor holandês Jan van Bijlert, do século XVII.
Essa obra está atualmente no Museu Magnin, em Dijon, França, como parte do patrimônio cultural do país. A inspiração por trás do tableau vivant foi revelada pelo diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024, que destacou a intenção de transmitir amor e inclusão por meio da releitura da festa dos deuses gregos.
Em tempos de incerteza e divisão, a mensagem de amor e inclusão transmitida pela arte é mais relevante do que nunca. A capacidade de promover reflexão e paz por meio do riso e da sátira é uma ideia poderosa que merece ser celebrada e compartilhada.
Fonte: @ Estadão
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