Mercado aguarda IPCA e PIB antes da reunião do Copom; BC sinaliza estratégia de alta de juros. Economistas veem termos fortes e agendas indicadores.
Até a próxima reunião do Copom, em setembro, os analistas estão de olho em uma série de indicadores econômicos, como o IPCA e o PIB. Sem esses dados, muitos especialistas hesitam em elevar suas projeções para a Selic.
Além disso, a expectativa em torno da taxa básica de juros também influencia as previsões para a Selic. A incerteza sobre a evolução da economia e a política monetária mantém os analistas cautelosos em relação aos próximos movimentos do Copom.
Selic em Destaque: Revisões de Cenário e Estratégias para Aumentar
Mas o movimento de revisões de cenário deve aumentar nos próximos dias diante do profundo incômodo do Banco Central com as expectativas de inflação elevadas e da leitura de que dificilmente algo será capaz de reverter esse quadro. A agenda de indicadores fortes indica a necessidade de ações para conter as pressões inflacionárias.
Ao Estadão/Broadcast, economistas dizem que o BC deixou a impressão de que tem desenhada uma estratégia de alta de juros. Avançou muito na comunicação, afirmam profissionais que acompanharam eventos abertos e fechados com diretores nos últimos dias. Nem mesmo a mudança na composição do comitê, com fim de mandatos neste ano, influenciaria a política monetária, uma vez que a maioria que está lá hoje — e que seguirá em 2025 — garantiria certa inércia dessa estratégia, consideram.
A atividade está aquecida, com o volume de serviços prestados no País e o IBC-Br superfortes. Essa realidade, aliás, já se impõe diante de debates teóricos sobre variáveis não observáveis, como, por exemplo, juro neutro, nível de equilíbrio de desemprego, ociosidade da economia, que justificam a hesitação em ajustar projeções. Já o IPCA pode até vir próximo de zero. O último dado, no entanto, veio cravado no limite superior da meta (4,5%), o que mostra o quanto está distante do alvo. Além disso, a pressão nos preços de serviços gera desconforto.
Na ata do Copom, o BC indicou que ‘não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado’. Não menos importante, há o dólar e o Federal Reserve. Mas o BC já disse que ‘é equivocado’ buscar uma relação mecânica com um ou com o outro, o que sugere minimizar o Fed prestes a reduzir juros para uma ação do BC, se preciso. E o dólar se comporta melhor, cotado a R$ 5,4678 no fechamento da última sexta-feira, 16, quase 20 centavos abaixo dos R$ 5,6553 do dia do último Copom. Esse bom comportamento, contudo, tem a ver com a subida do tom de integrantes do BC.
Na ata do Copom, o BC indicou que ‘não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado’ e que a disposição de eventualmente aumentar a Selic foi unânime. Na sequência, Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária cotado para assumir a presidência do BC, liderou a comunicação sobre uma alta de juro na mesa. Mais que isso, na última segunda-feira, 12, Galípolo afirmou que estava ‘satisfeito’ com a aceitação ‘a contento’ da sua fala. Na prática, referendou a precificação de uma alta da Selic em setembro.
Na terça-feira, em evento do Broadcast, Diogo Guillen, diretor de Política Econômica, sublinhou a ‘coesão’ dos integrantes do Copom e o ‘compromisso com atingimento’ da meta de inflação. Na sexta, o presidente Roberto Campos Neto repetiu que o BC está ‘muito incomodado’ com a desancoragem das expectativas, citando especialmente as de mais longo prazo. De um lado, há quem diga que o BC não deveria elevar a Selic para comprar credibilidade, mas se fosse exigência do cenário econômico. O problema, agora, é deixar de cumprir a comunicação, opina um profissional que ainda.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo