Banimento de celulares nas escolas pode ser paliativo. O avanço está em preparar escolas e famílias para usar tecnologia de forma inteligente, responsável e transformadora em instituições educacionais com ferramentas digitais e habilidades digitais em um ambiente digital controlado.
Vivemos em uma época em que a tecnologia avança a passos largos, impulsionando mudanças significativas em todos os setores, incluindo a educação, que busca se adaptar a essa velocidade vertiginosa.
No entanto, é fundamental que as instituições de ensino invistam em tecnologia para se manterem atualizadas e competitivas. A informática e a inovação tecnológica são fundamentais para o desenvolvimento de novas habilidades e competências, permitindo que os estudantes estejam preparados para enfrentar os desafios do futuro. Além disso, a tecnologia da informação pode ser uma ferramenta poderosa para melhorar a qualidade do ensino e aumentar a eficiência dos processos educacionais. A tecnologia é o futuro e é essencial que as instituições de ensino estejam preparadas para aproveitá-la ao máximo.
A Tecnologia Avança, mas as Instituições Educacionais Precisam Acompanhar
A proposta do governo de banir o uso de celulares nas escolas, por meio de um Projeto de Lei que será apresentado ao Congresso em outubro, é uma resposta às crescentes preocupações com os efeitos negativos do excesso de telas na infância e na adolescência. No entanto, essa medida reflete uma realidade mais profunda: o descompasso entre o potencial que a tecnologia oferece e a capacidade das instituições, famílias e professores de utilizá-la de maneira eficiente e positiva.
A tecnologia da informação avançou significativamente nos últimos anos, oferecendo ferramentas que permitem gerenciar o uso de dispositivos móveis de forma eficaz. Tecnologias como o Mobile Device Management (MDM) possibilitam a restrição do tempo de uso dos celulares e o controle ao acesso a aplicativos e sites. Em outras palavras, é possível configurar um ambiente digital controlado, onde a tecnologia pode ser usada como aliada na aprendizagem, sem os efeitos adversos que tanto preocupam.
No entanto, a maioria das escolas brasileiras ainda está distante de integrar o uso de tecnologia de forma estratégica e orientada para o aprendizado. Muitas vezes, a única alternativa vista é a proibição total, como se a exclusão da tecnologia fosse a única maneira de combater seus malefícios. Essa lacuna de habilidades digitais é um obstáculo enorme para que o verdadeiro potencial da tecnologia seja explorado.
A Tecnologia como Ferramenta de Aprendizado
Tablets, celulares e laptops podem ser portas para vastos repositórios de conhecimento, plataformas de aprendizado interativo, e ferramentas de desenvolvimento socioemocional. Eles podem personalizar a educação, adaptando o conteúdo ao ritmo e às necessidades individuais dos estudantes, algo que a sala de aula tradicional frequentemente não consegue oferecer. No entanto, quando esses dispositivos se tornam apenas fontes de distração, isso reflete uma falha na integração educacional das tecnologias, e não um problema inerente a elas.
A falta de treinamentos específicos voltados para professores com a finalidade de mediar o uso pedagógico dessas ferramentas, combinada com a dificuldade dos pais em regular o tempo de tela dos filhos de maneira assertiva, agrava o cenário. Precisamos de políticas públicas e iniciativas que não apenas proíbam, mas que eduquem, capacitem e integrem a tecnologia ao cotidiano escolar.
Um programa de formação contínua para professores em habilidades digitais, por exemplo, seria um primeiro passo essencial. Famílias também necessitam de orientação sobre como gerenciar o uso de tecnologia em casa, colaborando com a escola para criar uma rede de apoio ao uso consciente de dispositivos móveis. A tecnologia da informação pode ser uma ferramenta poderosa para a educação, mas é necessário que as instituições educacionais e as famílias estejam preparadas para utilizá-la de forma eficaz.
Preparando as Próximas Gerações para o Futuro Digital
O banimento dos celulares nas escolas, tal como proposto, é uma resposta legítima a um problema real, mas corre o risco de ser apenas uma medida paliativa. O verdadeiro avanço estará em preparar nossas escolas e famílias para utilizarem a tecnologia de forma inteligente, responsável e transformadora. Só assim poderemos explorar todo o potencial da educação digital e preparar as próximas gerações para o futuro que, inevitavelmente, será digital. A tecnologia avança rapidamente, e é nossa responsabilidade garantir que as instituições educacionais e as famílias estejam preparadas para acompanhá-la.
Fonte: @ Estadão
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