Transtornos psiquiátricos e saúde mental ainda são tabu em muitas sociedades. A dificuldade de acesso a serviços de qualidade é um grande desafio, especialmente em meio a estressores ambientais.
A atleta Simone Biles compartilhou uma foto em uma rede social com a legenda “Mental Health matter”, destacando a importância da saúde mental em sua vida. A imagem mostra a multicampeã olímpica sentada em uma postura de meditação, enfatizando a busca por um estado de calma e equilíbrio.
A saúde mental é um aspecto fundamental para o bem-estar geral de qualquer pessoa, e é essencial que seja priorizada. A saúde psicológica e a saúde emocional também desempenham papéis cruciais na construção de um bem-estar mental saudável. Ao compartilhar sua experiência, Simone Biles inspira seus seguidores a refletir sobre a importância de cuidar da própria mente e corpo. Cuidar da saúde mental é cuidar da vida.
A Importância da Saúde Mental nos Esportes
A atleta Simone Biles, conhecida por sua habilidade e dedicação, trouxe a discussão sobre a saúde mental para o centro da arena olímpica nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Ao decidir se retirar das finais do solo, barras assimétricas e individual, ela enfatizou a importância de proteger a saúde mental e física dos atletas. ‘Acho que a saúde mental é mais importante nos esportes nesse momento. Temos que proteger nossas mentes e nossos corpos e não apenas sair e fazer o que o mundo quer que façamos’, afirmou Biles.
Essa discussão seguiu chamando a atenção e, com o início dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, o técnico da seleção paralímpica de Taekwondo, Rodrigo Ferla, ressaltou a importância do acompanhamento psicológico para os atletas. ‘Acredito que o acompanhamento de um psicólogo é fundamental para os atletas hoje porque existe muita pressão, muita cobrança, e se o atleta não conseguir lidar isso vai afetar a saúde mental. Então, o apoio de um profissional dessa área é fundamental.’
O Impacto dos Estressores Ambientais na Saúde Mental dos Atletas
O estudo dos transtornos psiquiátricos em atletas de alto rendimento é um campo fervilhante de pesquisa nos últimos anos. Esses profissionais estão submetidos a estressores ambientais intensos e precisam de cuidados físicos e mentais para obterem êxito em suas modalidades, sem adoecerem no processo de atingir a máxima performance. Em um artigo publicado em 2020, Golding e colaboradores verificaram a ocorrência de sintomas depressivos importantes em até 34% dos casos, em uma amostra de atletas maiores de 17 anos.
Outro estudo, realizado por Akesdotter e colegas, encontrou uma prevalência durante a vida de problemas de saúde mental em 51,7% dos esportistas suecos. Esses números são semelhantes aos encontrados na população geral, segundo a Organização Mundial da Saúde, que estima que uma a cada oito pessoas (970 milhões de indivíduos) viviam com alguma condição de saúde mental em 2019.
A Redução do Estigma e a Importância do Acesso a Serviços de Qualidade
A redução do estigma e a crescente fala dos atletas sobre o tema parecem ter direcionado para ações de maior cuidado com a saúde mental. Um exemplo é a iniciativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em incluir na delegação de Paris 2024 uma equipe composta por psiquiatra e psicólogos, para apoio aos atletas durante os jogos. Outra ação foi a criação, em 2020, por parte do Comitê Olímpico e Paraolímpico dos Estados Unidos, de um programa focado em saúde mental e performance, que atualmente conta com 14 profissionais em tempo integral.
No entanto, falar sobre transtornos psiquiátricos e adoecimento em saúde mental ainda é um grande tabu em quase todas as sociedades. Vencida a barreira de admitir a necessidade de ajuda, surge a dificuldade de acesso a serviços de qualidade. Muito ainda precisa ser feito em relação ao cuidado dos portadores de doenças psiquiátricas, mas os avanços e iniciativas individuais e coletivas precisam ser reconhecidas.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo