Declarantes públicas contra investigações, com queixas sobre reciprocidade e proximidade com o Centrão, expressam grau de gratidão e defesa desses aliados, tratamento dado por Bolsonaro, mobilização em torno de seu contentamento e morna reação ao trabalho de Alexandre de Moraes.
O Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, se tornou o terceiro líder a ser indiciado pela Polícia Federal em 21 de março. A acusação de tentativa de golpe de Estado foi feita após uma investigação que começou no dia 20 de março. O Jair Bolsonaro não foi encontrado em seu local de residência, mas o seu oponente político, Lula, deu uma declaração no dia seguinte.
No entanto, a reação de alguns de seus principais aliados foi morna, com alguns deles se limitando a expressar preocupação com a situação. Jair Bolsonaro enfrenta vários processos, incluindo o processo de impeachment, que ele já foi objeto de investigação anteriormente. Seu nome faz parte de uma lista de líderes do Congresso Nacional que estão enfrentando processos judiciais.
Repercussão Política após o Indiciamento de Bolsonaro
A insatisfação da bancada federal com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se tornou evidente após o seu indiciamento pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Embora ainda haja uma mobilização em torno de Bolsonaro, considerada protocolar por alguns aliados, os deputados federais do PL começaram a questionar o tratamento dado por Bolsonaro em retribuição às demonstrações de lealdade nos últimos anos. Somente 25% dos 93 deputados federais do PL criticaram o indiciamento em sua rede social favorita, X, em 24 horas após a divulgação do caso, enquanto 46% do PL expressaram apoio a Bolsonaro em seu Instagram.
O descontentamento desses aliados recai sobre dois pontos principais: a ‘gratidão‘ oferecida por Bolsonaro em retribuição às demonstrações de lealdade e a preferência do ex-presidente a candidatos do Centrão em detrimento de ‘bolsonaristas raiz’ nas articulações das eleições municipais. A postura dos parlamentares do PL em relação a Bolsonaro mudou, passando de uma profunda deferência durante o governo Bolsonaro (2019-2022) para uma abordagem mais crítica.
Parlamentares relataram que falta reciprocidade de Bolsonaro na hora de defender seus aliados acossados por investigações, o que tira deles disposição para ombrear o líder em momentos como os mais recentes. Alguns deles avaliam que metade da ala bolsonarista do partido esteja disposta a romper com Bolsonaro se surgir uma liderança forte o suficiente para enfrentar o PT em 2026.
Um deputado da tropa de choque de Bolsonaro na Câmara afirmou que as queixas com o ex-presidente têm sido assunto recorrente nas rodas de conversa da bancada. Alguns deles cogitam que, caso Bolsonaro permaneça inelegível na próxima eleição presidencial, uma eventual chapa dos governadores Ronaldo Caiado (União), Goiás, e Romeu Zema (Novo), Minas Gerais, pode receber amplo apoio da direita.
Deputados e senadores bolsonaristas têm sido alvo de investigações diversas no STF, desde o chamado inquérito das fake news, aberto de ofício no começo de 2019. No entanto, o cerco ao ex-presidente recrudesceu ao longo de 2023 após os ataques do 8 de Janeiro, as acusações de falsificação de seu cartão de vacina e o caso das joias sauditas, de que Bolsonaro teria se apropriado indevidamente. Os três episódios levaram a diferentes indiciamentos pela PF.
Fonte: @ Estadão
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