Pablo Marçal, do PRTB, provoca ‘queimada digital’ e ‘vale-tudo’ no primeiro turno em São Paulo, atingindo Guilherme Boulos e o jogo democrático, segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral.
A campanha para a Prefeitura de São Paulo será lembrada como um dos momentos mais sombrios e desalentadores da história política do país. A falta de propostas concretas e a polarização exacerbada transformaram a disputa em um cenário de confronto, em vez de um debate construtivo.
No entanto, é importante lembrar que a campanha também revelou a força e a resiliência do povo paulistano, que não se deixou intimidar pela retórica agressiva e a manipulação. A corrida eleitoral mostrou que, mesmo em meio à incerteza e à divisão, a democracia ainda é capaz de produzir líderes que defendem os interesses da população. A eleição para a Prefeitura de São Paulo foi um lembrete de que a política pode ser um instrumento de mudança positiva, se utilizada de forma ética e responsável. A escolha do próximo prefeito será um divisor de águas para o futuro da cidade.
A Campanha em São Paulo: Um Vale-Tudo Político
A eleição na capital paulista chegou ao fim do primeiro turno com um golpe baixo do candidato Pablo Marçal (PRTB), que recorreu à ‘Lei de Gerson‘ para provocar uma ‘queimada digital’ na última hora. Mas por que a campanha, que antes exibia debates acalorados entre o PT e o PSDB, ou mesmo entre petistas e Paulo Maluf, enveredou por esse caminho? A resposta está na estratégia de Marçal, que apresentou um laudo médico falso para tentar associar Guilherme Boulos (PSOL) ao uso de drogas.
Essa ação foi mais do que um ataque ao adversário; foi um ataque ao jogo democrático. Marçal rachou a direita e desrespeitou eleitores que vêm sofrendo nos últimos anos. Ao ir para o ‘vale-tudo’, o influenciador passou por cima da ética, debochou da Justiça e desrespeitou os eleitores.
A Corrida Eleitoral em São Paulo: Um Ringue de Luta Livre
Durante a primeira rodada do confronto, a campanha em São Paulo se transformou em um ringue de luta livre. Candidatos como Tabata Amaral (PSB) e o próprio Boulos tentaram apresentar ideias nos debates, mas não houve propriamente debates e, sim, shows de baboseiras, insultos e agressões. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) passou o tempo querendo mostrar o que fez, mas ninguém viu. Na outra ponta, Marina Helena (Novo) não disse a que veio, aparecendo em dobradinhas com Marçal para alvejar o que o ex-coach batizou como ‘consórcio comunista’.
O apresentador José Luiz Datena – que mudou de partido dez vezes até desembarcar no PSDB – admitiu ter entrado na eleição errada. Na UTI política, o PSDB representado por Datena acabou de acabar. Se assistimos a esse espetáculo de horror em São Paulo, a maior cidade do País, o que estará ocorrendo nos rincões do Brasil?
A Violência Política e Eleitoral no Brasil
O Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Rio, identificou 455 casos de agressões contra líderes políticos de janeiro a setembro. Somente de julho até o mês passado foram 15 assassinatos. O quadro de cores sombrias pode ser reflexo da polarização política, da infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado e de muito mais do que supõe a nossa vã filosofia.
Agora, na capital paulista, chegamos ao fim da primeira etapa da campanha sem saber quem ganhará o passaporte para o segundo turno, com Boulos, Nunes e Marçal embolados na liderança. E o que podemos esperar do próximo round dessa disputa? Que os candidatos a prefeito entendam de uma vez por todas que, para administrar São Paulo, precisam, antes de tudo, respeitar os seus moradores. E que a Justiça Eleitoral compreenda que o tempo das redes sociais é muito mais veloz e, portanto, suas respostas aos descalabros da campanha precisam ser cada vez mais rápidas.
Fonte: @ Estadão
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