Mensagens de integrante da cozinha do Planalto com líder do movimento na porta de quartéis ajudam a completar quebra-cabeças para conclusão da operação da Polícia Federal, que deve ser concluída junto a militares, antes e depois de orientações.
O silêncio dos principais aliados de Jair Bolsonaro não é nada casual, especialmente diante da investigação da Polícia Federal que parece estar cada vez mais incisiva. O resultado da operação da última terça-feira, 19, foi marcado por uma trama de golpistas que, ao final, saiu pela culmina, mas não antes de deixar marcas profundas no país.
Nesse contexto, é possível afirmar que a conspiração envolvendo o ex-presidente e seus aliados é cada vez mais evidente. A trama para golpear o governo eleito, reunindo golpistas, parece ter sido bem planejada, mas, no final, acabou se desfazendo em tramóias infundadas e pressões indevidas em órgãos do Estado. A investigação está cada vez mais sólida, apontando para um plano criminoso e antidemocrático que precisa ser esmiuçado e punido.
Conclusão Iminente do Inquérito
As investigações sobre o plano para matar Lula, Alckmin ou Moraes estão prestes a encontrar seu fim, enquanto as mensagens reveladas no relatório sobre a atuação de militares junto a golpistas em acampamentos e orientações antes e depois dos episódios de terror do dia 12 de dezembro agregam mais evidências para alinhavar um inquérito que deve ser concluído em breve. O último fio da meada foi oferecido por Mário Fernandes, general de brigada do Exército e número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, durante o governo de Jair Bolsonaro, que ocupou o cargo de ministro interino por breve período.
Esse fio foi oferecido por Mário Fernandes, não apenas um general de brigada do Exército mas o número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, a cozinha do Palácio do Planalto, durante o governo de Jair Bolsonaro. O militar de alta patente e integrante da cúpula do governo não apenas participou dos acampamentos, mas também orientava os golpistas, enquanto buscava fazer a intermediação com o presidente. Nessa trama, o silêncio foi quase absoluto, com o presidente Bolsonaro não fazendo qualquer menção sobre isso, embora sempre tenha negado participação em tramas golpistas.
Essa trama não era apenas uma tentativa de impedir a transição de poder, mas sim a operação de uma série de tentativas de impedir a transição de poder. General Mário Fernandes, ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, revelou imagens que estavam em seu celular, mostrando a atuação de militares junto a golpistas em acampamentos e orientações antes e depois dos episódios de terror do dia 12 de dezembro.
Em uma dessas mensagens, no dia 9 de dezembro, ele pediu que Mauro Cid agradece a Bolsonaro por ter aparecido diante dos manifestantes que estavam no Palácio da Alvorada pedindo uma ruptura. E agradece por, segundo ele, o presidente ter aceitado seu ‘assessoramento’. Bolsonaro nada falou sobre isso, embora sempre tenha negado participação em tramas golpistas.
Um dia depois, o mesmo líder dos acampamentos pediu uma ‘orientação’ sobre ‘aquele churrasco’. Coincidência ou não, dois dias depois o que pega fogo em Brasília são ônibus e carros. Na véspera daquela noite de terror na capital, o líder dos acampamentos andava preocupado se eles teriam ‘segurança’, ‘já que amanhã é dia 12″. Já no dia seguinte aos atos de terror, logo às 6h da manhã, o líder golpista novamente perguntou se o general estava acompanhando e pedia uma orientação.
Também há conversas em que ele pediu e Cid concordou em dar a ordem de ‘segurar a PF’ e impedir prisões da turma que estava na porta dos quartéis. Em outras conversas, há recados de que o general teria determinado que o grupo se deslocasse ao Alvorada, ou a intenção de mandá-los à casa de Arthur Lira, por exemplo.
O inquérito, que deve ser concluído em algumas horas, revela que não havia um protesto espontâneo, mas a condução de um grupo, seguidores de ordens, operados de dentro da cozinha do Palácio do Planalto para cumprir a missão de tumultuar a transição de poder.
Fonte: @ Estadão
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