No Teatro Municipal, a estilista criou um universo de poesia com texturas acolhedoras, tons adocicados e cartelas de cores, oferecendo experiências poéticas.
Quando se fala em moda, o nome de Paula Raia sempre vem à mente, trazendo consigo uma conversa repleta de nuances e subjetividades. E foi exatamente isso que aconteceu no último desfile da marca, realizado na quinta-feira, 12, que trouxe à tona uma mistura de sensações e opiniões.
A Paula Raia, como uma criadora de moda, sempre busca inovar e surpreender, e seu último desfile não foi exceção. Com uma estética única e um olhar atento para os detalhes, a estilista conseguiu criar uma coleção que foi ao mesmo tempo ousada e elegante. A moda é uma forma de expressão e, sem dúvida, a marca de Paula Raia é um exemplo disso. A criatividade não tem limites e a designer conseguiu provar isso mais uma vez com sua última coleção.
Uma Jornada Pessoal de Paula Raia
A estilista e designer Paula Raia transportou seu público para um universo de poesia e abstração, repleto de sobreposições, texturas acolhedoras e tons adocicados. Nesta estação, Paula compartilha memórias de infância no quarto de vestir de sua mãe, momentos que marcaram sua vida. ‘Era realmente onde eu a encontrava, onde ficávamos perto’, conta a criadora. ‘Cheguei a verbalizar isso antes de ela falecer: ‘Mãe, só ficávamos juntas pra valer no teu quarto de vestir.”
A marca de Paula Raia é conhecida por suas coleções profundas e reflexivas, que convidam à contemplação. Tudo é materializado em roupas de proporções bem calculadas, com cartelas de cores espertas e significativas, construções com precisão nos detalhes e uma assinatura de design marcante. Com o objetivo de ‘a cada estação trabalhar diversas expressões do feminino de forma poética e criteriosa, e materializar diferentes universos, emoções e desejos em complexas pesquisas de modelagem, silhueta e matéria-prima, com uma visão muito autoral’, Paula Raia desenha as experiências por onde sua mulher deve permear para se conectar com suas criações.
Uma Experiência Imersiva
Nesta edição, sua mulher habitava o Teatro Municipal e, durante a imersão, pudemos acompanhá-la como se estivéssemos em sua casa, circulando pelos ambientes e mostrando novas versões de si. Uma experiência que contou com combinações estéticas impactantes e elementos inesperados, imersivos e estimulantes. Os contrastes visuais estavam claros já na entrada, em frente à escadaria de conto de fadas do teatro, que se tornou mais impactante com a adição de uma gigante esfera, lisa e reflexiva. O elemento veio como a representação de uma pérola rosa – uma das paixões de sua mãe.
Ao subir os degraus, o que esperava os convidados era uma justaposição de estilos, criada pela arquitetura do espaço em dessemelhança intencional com os bancos retangulares e modernos, todos tingidos por um tom pálido de rosa, e com os tapetes felpudos que completaram a ambientação. Antes do primeiro look cruzar a passarela, a voz intensa da cantora trans brasileira Assucena – ex-integrante do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira –, que se apresentou ao vivo durante todo o desfile, ecoou pelos salões.
Uma Coleção Pessoal
A sequência gradativa de experiências envolveu os sentidos e culminou na apresentação das roupas da estação, que, desta vez, chegaram sob o nome ‘Eu Palco – Meu Tempo no Mundo’ e são resultado de uma incursão de Raia em sua própria memória. O desfile partiu de lembranças de infância da estilista no quarto de vestir de sua mãe e dos sonhos que teve no espaço. ‘Eu me aproximava e lá estava ela, de peignoir de renda ou camisola de seda, cigarro na mão contrastando com as unhas vermelhas e longas, um copo de whisky por perto e uma gargalhada deliciosa prestes a…’
Fonte: @ Estadão
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