União Europeia precisa de humildade, diz presidente do Instituto Pensar Agro, enquanto senador argentino critica barreiras ecológicas como econômicas na Cúpula Sul-Americana.
No âmbito da 1º Cúpula Sul-Americana AgroGlobal, realizada na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), em Brasília (DF), parlamentares e representantes do setor agropecuário do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile se reuniram para discutir questões relevantes para o desenvolvimento da agropecuária na região. Um dos principais pontos de discussão foi a crítica à lei europeia antidesmatamento, que afeta diretamente a agropecuária sul-americana.
Entre os principais temas abordados durante a cúpula, destacou-se a importância da agricultura e da pecuária para a economia dos países participantes. Além disso, os representantes do setor agropecuário também discutiram estratégias para fortalecer o setor agro e promover o desenvolvimento sustentável da região. A cooperação internacional é fundamental para o sucesso da agropecuária sul-americana.
Agropecuária: Desafios e Oportunidades na América do Sul
A União Europeia precisa ter mais humildade para entender que o Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai não são colônias, mas sim países em desenvolvimento que contribuem para a segurança alimentar global. Essa foi a mensagem do presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Nilson Leitão, durante um evento que reuniu líderes do setor agropecuário da região.
O senador Alfredo de Angeli, presidente da Comissão de Agricultura y Ganadería do Senado da Argentina, considera a lei antidesmatamento uma barreira econômica disfarçada de preocupação ambiental. ‘Os países do Mercosul são os que menos contaminam no mundo, mas creio que eles têm exigências que são também econômicas’, afirmou.
Durante os discursos, o ex-ministro de Agricultura y Ganadería do Paraguai, Santiago Bertoni, resumiu o clima atual como duvidoso. ‘Incertezas definem os tempos que estamos vivendo agora’, disse. Ele ainda afirmou que regiões que não conhecem a região nem as legislações locais tentam impor suas próprias regras.
O ex-ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil, Roberto Rodrigues, fez uma leitura mais ampla dos acontecimentos internacionais. ‘O que há hoje é uma erosão do multilateralismo. Cada um faz o que quer, não há uma liderança e tem um risco para a democracia’, pontuou Rodrigues.
Agropecuária: Unificação de Pautas e Propostas
A Cúpula Sul-Americana entregou uma carta de intenções com os entendimentos dos setores produtivos dos países participantes. A ideia é unificar uma pauta para discutir a agropecuária da América do Sul com o mundo. ‘A intenção principal é a unificação de uma pauta para discutir a agropecuária da América do Sul com o mundo’, indicou Leitão.
A carta de intenções será entregue para os parlamentos de cada país e para que eles se juntem numa governança única da América do Sul, entre os parlamentos. ‘Não é uma concorrência com o Parlasul (Parlamento do Mercosul) e nem com o Mercosul, mas é uma organização a partir da agropecuária da América do Sul’, disse o presidente do IPA.
Incialmente, o documento não tem a finalidade de oferecer propostas para os países, mas manifestar os pedidos do setor agro das nações. No entanto, durante a Cúpula, algumas propostas de ações foram ventiladas. Uma delas é a formação de uma espécie de Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para a área de proteínas.
‘Estamos tentando fortalecer o Mercosul não em termos políticos, mas sim em termos produtivos. Nesses termos, nós poderíamos ser o supermercado do mundo e poderíamos ser também a Organização de Países Produtores de Proteína’, comentou Leitão.
Fonte: @ Estadão
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