Mensagem enviada pela analista Natacha Neves de Jonas Bastos foi usada pela PF para demonstrar que venda de sentenças no TJMS era de notório conhecimento interno no Judiciário e envolvia escritórios de advocacia em esquema de crimes em curso.
No âmbito da investigação da Operação Última Ratio, a Polícia Federal (PF) obteve conversas reveladoras de um suposto esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Esses diálogos demonstram que o esquema era bem conhecido por aqueles dentro do Poder Judiciário. Uma servidora do gabinete do desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso, aposentado em junho, compartilhou uma conversa onde menciona ‘Todo mundo fala: ‘ai não sei como que o CNJ não pega, a Polícia Federal não pega’’.
A PF apreendeu cerca de R$ 3 milhões em dinheiro vivo na casa do desembargador. Em uma mensagem enviada à juíza Kelly Gaspar Duarte Neves, da Vara Criminal de Aquidauana, e ex-diretora da Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul, após a Operação Tiradentes deflagrada em fevereiro, quando a PF fez buscas em endereços ligados ao desembargador Divoncir Schreiner Maran, suspeito de receber propina para soltar um traficante no plantão judicial, a servidora tenta obter informações sobre outras investigações em curso. Ela afirma que há juízes envolvidos nas coisas no CNJ, que são mantidos em segredo e que a corrupção se estende até “lugar alto do povo… “. Também menciona ‘todo mundo fala negocio de Sideni, de rolo disso, daquilo, do povo…’
Operação Última Ratio: Desvendando a Corrupção no Judiciário
Na penumbra do poder, uma rede de corrupção se esconde. É o caso da Operação Última Ratio, que revela a prática de crimes por desembargadores em Mato Grosso do Sul. A investigação, que envolve os escritórios de advocacia e familiares dos desembargadores, aponta para um esquema de fraude e nepotismo generalizado.
A magistrada Kelly Gaspar Duarte Neves compartilha informações sobre as investigações, revelando que a Receita Federal quebrou sigilos bancários, descobrindo movimentações suspeitas envolvendo os desembargadores. ‘Segundo a gente sabe, teria entrado dinheiro na conta, mas como desde a morte da primeira esposa dele, do Divoncir, ele criou aquela empresa, então tudo vai pra empresa, eles não movimentam nada pessoa física, mas do escritório, essas coisas.’
A investigação atinge também o desembargador Sideni Soncini Pimentel, que teria usado seus filhos como intermediários para negociação de decisões judiciais. A magistrada afirma que a investigação no CNJ já está há um tempo, mas a PF acredita que o uso de familiares para negociar a venda de decisões e os pagamentos era praxe no esquema.
As mensagens apontam que a prática de crimes por desembargadores é de notório conhecimento interno no Judiciário, revelando uma cultura de corrupção. A Polícia Federal acredita que os escritórios de advocacia eram usados para receber pagamentos sem chamar a atenção dos órgãos de investigação.
A conversa entre a analista judiciária Natacha e a magistrada Kelly corroboram a hipótese criminal levantada no presente inquérito policial, no sentido de que a negociação de decisões judiciais ocorra por intermédio dos filhos dos desembargadores, os quais são, em sua maioria, advogados e sócios de escritórios de advocacia.
A investigação envolve 17 desembargadores, incluindo Sideni Soncini Pimentel, Marcos José de Brito Rodrigues, Paschoal Carmello Leandro e Divoncir Schreiner Maran, além de seus filhos. A Operação Última Ratio é um passo importante na luta contra a corrupção no Judiciário.
Fonte: @ Estadão
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