Pesquisa qualitativa do Instituto Travessia aponta que o candidato do PSOL tem bom desempenho, mas não consegue tirar votos do prefeito Ricardo Nunes. Ataques pessoais e falta de propostas concretas frustram o grupo de eleitores, o que impede debates unidirecionais e altera o comportamento dos candidatos.
A eleição presidencial de 2022 em Brazília se aproxima, e é evidente que a corrida pelo Palácio do Planalto é intensa. O tom bélico adotado por Guilherme Boulos (PSOL) no debate promovido pelo Estadão e a TV Record no sábado, 19, não se mostrou suficiente para indicar uma mudança de rumo na reta final da eleição.
A disputa eleitoral tem sido marcada por uma série de debates e reuniões entre os principais candidatos. A votação se aproximará e, nesse sentido, é fundamental que o eleitor esteja informado sobre as propostas e ideais dos candidatos. Guilherme Boulos defendeu suas ideias no debate, mas ainda é cedo para saber se será suficiente para conquistar o voto popular. A questão agora é saber como a população reagirá às propostas apresentadas pelo PSOL em sua corrida pelo Palácio do Planalto.
Eleição em São Paulo: Pesquisa qualitativa revela descontentamento com candidatos
A disputa eleitoral em São Paulo está tão acirrada que a própria pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia não conseguiu apontar com clareza o vencedor. O confronto entre o psolista Boulos e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) terminou em empate, com cada um mantendo seus eleitores e conquistando dois indecisos cada ao final da dinâmica.
A reportagem acompanhou as discussões promovidas pelo Travessia em uma ‘sala de espelho’, um espaço unidirecional que permitiu à equipe de reportagem observar, sem ser notada, as reações de um grupo de eleitores ao debate entre Boulos e Nunes. Formado por quatro eleitores que declararam voto em Nunes, quatro em Boulos e quatro indecisos, o grupo foi selecionado pelo cientista político e CEO do Instituto Travessia, Renato Dorgan.
Durante o debate, os eleitores reagiram em tempo real com comentários e usando três cartões para avaliar o desempenho dos candidatos: verde para aprovação, amarelo para neutralidade e vermelho para reprovação. Na votação final, o grupo escolheu Boulos como o candidato com a melhor performance, atribuindo ao psolista 7 cartões verdes, 3 amarelos e 2 vermelhos. O atual prefeito ficou com 7 cartões amarelos, 1 verde e 4 vermelhos.
Dorgan avalia que, mesmo com um bom desempenho no debate, ‘Boulos continua com sua dificuldade inicial de desconstruir votos do outro lado, sendo evidente que sem tirar votos de Nunes, dificilmente vencerá’. Para ele, o candidato do PSOL é limitado por um ‘teto de concreto que a esquerda construiu ao longo dos tempos’, que prejudica seu crescimento. ‘Nunes mostra que possivelmente vencerá uma eleição por não significar muito. Marçal e Boulos, ao esticarem a corda ideológica demais na cabeça do eleitor, propiciaram um espaço a Nunes de equilíbrio e baixo risco, o que fideliza seus eleitores.
Porém, Nunes, além de não encantar seu eleitor, aumenta um conformismo de que a política não é mais um espaço de mudanças’, avalia. Ataques pessoais geram descontentamento Apesar da vantagem de Boulos, o grupo expressou grande descontentamento com o comportamento dos dois candidatos, apontando que ambos deixaram de responder a importantes questionamentos e preferiram focar em ataques pessoais, passando a discussão sobre propostas ao segundo plano.
‘Nenhum dos dois estava preocupado em mostrar algo de melhor para a população. Queriam atacar um ao outro. Foi um desrespeito’, criticou uma eleitora de Nunes. Outra participante, que se declarou indecisa no início da dinâmica, concordou: ‘Não tem que ficar criticando o outro. É preciso conquistar os eleitores com propostas, e não ficar falando o que o outro fez em 1900 e tanto’. Uma apoiadora de Boulos acrescentou que os postulantes ‘fugiram’ das perguntas. Sobraram críticas para os dois lados No final, sobraram mais críticas do que elogios aos dois candidatos. A retórica afiada de Boulos foi considerada artificial por alguns, com uma eleitora indecisa chegando a chamá-lo de ‘marqueteiro’. Nunes, por outro lado, foi tachado de ‘fantasioso’ ao falar sobre a cidade.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo