Evento reuniu 5 mil pessoas em Domingos Martins e foi visto por um bilhão em transmissão online, com participação de Forças Armadas (Exército, Marinha, Aeronáutica) em sua criação, com pensão integral e fundo de saúde, buscando transição mais flexíveis e adequadas para todas as idades.
O ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes do Exército general Tomás Paiva, da Aeronáutica brigadeiro Marcelo Damasceno, e da Marinha almirante Marcos Olsen, defenderam a necessidade de alívio no corte de gastos do governo, particularmente em relação à idade mínima de 55 anos para a passagem dos militares para a reserva remunerada.
Os comandantes das Forças Armadas argumentaram que os militares passam por sucessivas triagens ao longo da carreira e muitos vão ficando pelo caminho nas promoções, após anos e anos de dedicação às suas forças. Como resultado, muitos militares ficam sem alcançar a reserva remunerada, o que é um direito garantido por lei. A situação é crítica e afecta a carreira dos militares, tornando difícil a manutenção da estabilidade e da confiança em suas forças.
Exército: Uma Criação de Confiança e Lealdade
A formação de líderes militares é um processo exigente, onde apenas uma pequena parcela alcança o posto de general. Dessa forma, o ministro da Defesa e os comandantes das Forças Armadas sugeriram regras de transição mais flexíveis, considerando as peculiaridades do Exército, Marinha e Aeronáutica. Essa medida atinge todas as Forças, incluindo o fim da ‘morte ficta’ (família do militar expulso tem direito a pensão integral), a extinção da transferência de pensão e o percentual de 3,5% da remuneração para o fundo de saúde. Defesa e comandos militares defendem que a criação de idade mínima de aposentadoria nas Forças Armadas tenha regra de transição.
Transição: Uma Questão de Forças Unidas
Conforme o Estadão apurou, a conversa, fora da agenda e em pleno sábado, foi amena. Um tema especialmente sensível, o de uma inviável anistia aos indiciados e eventualmente julgados e condenados pela tentativa de golpe durante o governo Jair Bolsonaro, não foi abordado nesta reunião de sábado, até para não misturar questões objetivas com política. A questão da anistia é, sim, discutida entre as Forças e entre elas e setores do governo civil, inclusive do Palácio do Planalto, mas ainda de forma informal, sem caracterizar um pedido ao presidente Lula.
Exército, Marinha e Aeronáutica: Uma Unidade Forte
Publicamente, a posição da Defesa e das três Forças é que não há nenhuma ingerência e nem mesmo pedido de informações nem à Polícia Federal nem ao Supremo Tribunal Federal sobre o andamento das investigações e as apurações. ‘Conhecemos os relatórios da PF no mesmo dia que todo mundo’, disse um oficial. Além disso, as Forças Armadas têm mantido a estratégia de sempre dizer que ‘o que a Justiça decidir será acatado’ e que os condenados serão submetidos também aos trâmites internos do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Armadas: Uma Questão de Lealdade e Honra
‘Cada um responda pelo que fez’, é uma frase recorrente na área. Há, entretanto, uma percepção de que, como a carreira é particularmente corporativa, até chamada de ‘família militar’, há um óbvio desconforto com o envolvimento e a citação de tantos militares na trama do golpe. Dos 37 indiciados até agora, 25 usaram ou usam farda. Daí porque a possibilidade de anistia vem sendo conversada nos bastidores, ‘para zerar o jogo e desanuviar o ambiente político’, ou seja, tentando reduzir a pressão e a tensão nas forças. A ideia, porém, tem chance mínima de prosperar. Nem o presidente Lula apoiaria, nem o Supremo cederia. As Forças sabem disso.
Fonte: @ Estadão
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