Especialistas questionam benefícios ao livre comércio, destacando efeitos significativos da tecnologia e da informação nos setores do Brasil.
O processo de negociação para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia está em avanço. Em cima da mesa está a conclusão de um tratado histórico que permitirá a livre circulação de mercadorias entre os países membros da UE e os do Mercosul. Este acordo de livre comércio melhorará significativamente o comércio bilateral entre os países envolvidos, permitindo uma redução de barreiras comerciais e facilitando o intercâmbio de produtos entre as partes.
A 65ª cúpula de chefes de estado do Mercosul, que acontecerá na cidade de Montevidéu, no Uruguai, a partir desta quinta-feira, 05, será um marco importante para a avanço das negociações. Os líderes esperam anunciar a conclusão das negociações para o acordo de livre comércio com a União Europeia, o que marcará um desfecho histórico da discussão que vinha há quase 25 anos. Este acordo será um passo importante para a integração econômica dos países membros do Mercosul com a União Europeia, abrirá novas oportunidades de negócios e melhorará a competitividade dos produtos brasileiros no mercado europeu.
Acordo Mercosul-UE: dilemas e benefícios para o agronegócio brasileiro
O debate sobre o acordo Mercosul-UE tem sido marcado por opiniões divergentes entre especialistas, com alguns defendendo que o tratado traria efeitos significativos sobre os níveis de produção de determinados setores no Brasil, enquanto outros acreditam que o texto não representa um livre comércio em essência. É preciso analisar o impacto do acordo sobre os principais produtos do agronegócio, como o café, complexo soja, produtos florestais e carnes, que respondem por mais de 14% das exportações agropecuárias brasileiras.
Com o acordo, o agronegócio brasileiro poderia ter aumento de produção de 2%, equivalente a cerca de US$ 11 bilhões, com quase três quartos desse ganho concentrados em quatro setores: carnes de suínos e aves, produtos alimentares, pecuária e carnes de bovinos. No entanto, apenas carnes de suínos e aves estariam beneficiados com o aumento de cotas de exportação, enquanto os outros setores não teriam uma grande reversão em aumento de produção.
O embaixador José Alfredo Graça Lima, vice-presidente do conselho curador do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, argumenta que o acordo não representa um livre comércio, mas sim um compromisso administrativo com aumento de cotas para produtos do agronegócio, sem nenhuma implicação em acesso além do definido. Ele avalia que o acordo tem mais um caráter simbólico de imagem para os investidores, fruto de uma negociação que durou muito tempo e pode vir a ser concluída mais por iniciativa da Comissão Europeia do que do Conselho Europeu.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) é favorável ao acordo, mas ressalta que é crucial garantir o acesso dos produtos brasileiros ao mercado da UE. A grande preocupação surge em torno das mudanças regulatórias que a União Europeia impôs após a última negociação, que poderiam afetar a competitividade do agronegócio brasileiro.
A tecnologia da informação desempenha um papel importante na negociação do acordo, com a União Europeia buscando reforçar a competitividade de seus setores. No entanto, o acordo também pode ter efeitos significativos sobre a infraestrutura de transporte e logística no Brasil, que é fundamental para a exportação de produtos do agronegócio.
O acordo Mercosul-UE também pode ter impactos nos setores de tecnologia e informação, com a União Europeia buscando proteger seus mercados e indústrias. A Comissão Europeia tem proposto medidas para reforçar a proteção de marcas e patentes, o que pode afetar a competitividade das empresas brasileiras que exportam produtos de tecnologia.
Ainda assim, o acordo pode ser uma oportunidade para o agronegócio brasileiro aumentar suas exportações para a UE, com o país tendo a segunda maior participação de mercado na União Europeia. Além disso, o acordo pode ajudar a aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro em termos de custos e preços, o que poderia levar a uma maior diversificação das exportações brasileiras.
A aprovação do acordo Mercosul-UE pode ter efeitos significativos sobre a economia brasileira, com a União Europeia sendo o segundo principal destino das exportações agropecuárias brasileiras. O acordo pode ajudar a aumentar as exportações brasileiras para a UE, o que poderia levar a uma maior diversificação das exportações brasileiras e a uma maior competitividade do agronegócio brasileiro.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo