A bancada da Bíblia, de André Ítalo Rocha, chega às livrarias com histórias sobre a trajetória política dos evangélicos e a legislação de rádio.
No Brasil, o debate sobre o aborto é um tema delicado e complexo, especialmente quando se trata de sua regulamentação. Em 1990, o cenário político era diferente, e a Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo bispo Edir Macedo, enfrentava desafios para lançar candidatos políticos. Na época, a Universal precisou lançar um deputado federal na Bahia que não era evangélico, mas tinha conhecimento em um assunto crucial para a igreja em Brasília: a legislação de rádio e TV.
Hoje, a Universal tem 11 deputados federais diretamente ligados à igreja, e o aborto continua sendo um tema central nas discussões políticas. A interrupção da gravidez é um assunto que divide opiniões e gera debates acalorados. A gravidez interrompida é um tema que precisa ser abordado com cuidado e respeito, considerando as diferentes perspectivas e opiniões. A liberdade de escolha é fundamental e deve ser respeitada, mas também é importante considerar as implicações éticas e morais envolvidas. A saúde e o bem-estar das mulheres devem ser priorizados em qualquer discussão sobre o aborto.
Aborto: Uma Questão Política e Religiosa
O ex-diretor do Departamento Nacional de Telecomunicações, Luiz Moreira, um médico que se tornou parlamentar, apresentou um projeto de lei inovador para flexibilizar a legislação do aborto. Essa e outras histórias sobre a influência da religião na política são detalhadamente contadas no livro ‘A bancada da Bíblia’, escrito pelo jornalista André Ítalo Rocha. Publicada pela editora Todavia, a obra é uma mistura de reportagem e ensaio histórico sobre a trajetória política dos evangélicos, um segmento que era proibido de se candidatar nos tempos do Império, quando o catolicismo era a religião oficial do Estado, e hoje é um dos mais influentes atores do poder.
O projeto de Moreira permitia a interrupção da gravidez até a 24ª semana, desde que o feto apresentasse, sob prescrição médica, ‘graves e irresponsáveis anomalias físicas ou mentais’. No entanto, o projeto não teve apoio suficiente para prosperar. Em 2024, a bancada evangélica tentou aprovar um projeto que proibia o aborto após as 22 semanas em qualquer circunstância, inclusive em casos de estupro. A interrupção da gravidez ficaria equiparada a estupro. A urgência para tramitação chegou a ser aprovada.
A Influência da Igreja Universal
Frente à repercussão negativa, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), engavetou a matéria. A Igreja Universal do Reino de Deus, fundada em 1977, está presente hoje em mais de 100 países. A instituição tem uma grande influência política e social, e sua bancada na Câmara é uma das mais ativas em questões relacionadas ao aborto e à legislação de rádio. O livro ‘A bancada da Bíblia’ é uma obra importante para entender a trajetória política dos evangélicos e sua influência no poder.
Fonte: @ Estadão
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