Dívida bruta deve subir a 77,5% do PIB em 2024, superando estimativa. Economistas preocupados com gastos fora das regras fiscais, uma condição inegociável para política externa e manutenção do poderio militar no espaço natural.
Ao responder com um enfático “não” em seu discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, o presidente ucraniano Volodmir Zelenski lançou uma crítica contundente à articulação entre Brasil e China para uma trégua entre Ucrânia e Rússia, revelando as fragilidades da política externa brasileira. A pergunta de Zelenski, “Qual o verdadeiro interesse (de China e Brasil)?”, sugere que os dois países, parceiros da Rússia nos Brics, estão tentando favorecer o regime russo e desconsiderar a condição inegociável da Ucrânia, que não admite abdicar de parte de seu território em nenhuma hipótese.
A resposta de Lula, que já havia expressado anteriormente que a Ucrânia “não podia querer tudo”, foi crítica e, de certa forma, irônica em relação a Zelenski. “Se ele fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não militar”, disse Lula, enfatizando a importância da política e da estratégia nas relações internacionais. A declaração de Lula destaca a necessidade de uma abordagem mais sutil e negociadora para resolver o conflito, em vez de recorrer a soluções militares. A diplomacia é fundamental para encontrar uma solução pacífica e duradoura.
Política Externa em Questão
A declaração de Lula sobre a situação entre Rússia e Ucrânia foi uma advertência velada, considerando o poderio militar russo inquestionavelmente maior e a improbabilidade de uma vitória ucraniana por meio de conflito bélico. Ao se expor ao mundo, Lula deixou um rastro de críticas à política externa do seu terceiro mandato, reforçando sua postura de aliado de China e Rússia, a invasora, contra Ucrânia, a invadida. Essa posição coloca o Brasil em confronto direto com os EUA de Joe Biden, tanto em relação a Israel quanto à Rússia.
Lula insistiu na reforma do Conselho de Segurança da ONU e buscou protagonismo internacional, mas parece ter descuidado do que é mais importante: a liderança regional, que é o espaço natural do Brasil. Ele falou muito sobre Israel e se ofereceu como mediador entre Rússia e Ucrânia, mas manteve silêncio sobre a Venezuela, uma questão que afeta diretamente a política interna e causa estragos ao seu governo.
Diplomacia e Estratégia
A situação no Líbano, com a escalada sem limites de Israel contra o Hezbollah, é uma preocupação crescente. O monitoramento da situação evoluiu para uma ação mais objetiva, considerando os mais de 20 mil brasileiros no Líbano, um país com grande proximidade com o Brasil. A retirada de 141 nacionais e seus familiares de Gaza já foi complicada, e resgatar dezenas de milhares do Líbano pode exigir uma verdadeira ‘operação de guerra’. Dois adolescentes brasileiros já morreram no país em bombardeios israelenses, e infelizmente, isso pode ser apenas o começo.
A política externa de Lula está sendo questionada, e sua estratégia de relações internacionais está sendo posta à prova. A condição inegociável de proteger os cidadãos brasileiros no exterior é um desafio que precisa ser enfrentado com diplomacia e estratégia. O bastidores da política internacional estão em movimento, e o Brasil precisa encontrar seu lugar nesse cenário complexo.
Fonte: @ Estadão
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