Advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em Cuiabá, teria concedido contrato a filho dele como tentativa de agrado ao desembargador Sebastião de Moraes Filho.
Segundo o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), o advogado Roberto Zampieri, conhecido como o ‘lobista dos tribunais’, desempenhava um papel crucial na ‘gestão financeira’ do desembargador Sebastião de Moraes Filho. Este cenário suscita preocupações sobre a influência excessiva do lobista na vida política e administrativa.
Especialmente, quando o lobista com suas ações age como intermediário entre os tribunais e outras partes, abrindo caminho para a corrupção. O ministro Zanin enfatizou que o lobista dos tribunais não atuava somente por conta própria, mas também com a ajuda de outros, formando uma rede de influência que facilmente pode comprometer a justiça e a integridade do sistema judiciário.
Operação Sisamnes: Investigado desembargador usava tornozeleira eletrônica
O desembargador Sebastião de Moraes Filho, afastado do Tribunal de Justiça de Mato Grosso desde agosto por suspeita de envolvimento em esquema de venda de sentenças, está usando tornozeleira eletrônica. Outro desembargador do TJ de Mato Grosso, João Ferreira Filho, também é investigado e está sob monitoramento. O lobista, assassinado a tiros em dezembro passado, teria contemplado o desembargador Moraes Filho com um contrato para seu filho, Mauro Thadeu Prado de Moraes, também advogado, como tentativa de agrado em contrapartida à influência que Zampieri tinha junto ao gabinete do magistrado.
A suspeita surgiu a partir da recuperação de uma mensagem de Zampieri ao desembargador via celular em que o intermediário diz que tinha conseguido um contrato muito bom para o Mauro. Os investigadores acreditam que o contrato beneficiaria Mauro e seria uma tentativa de agrado em virtude do pedido relevante que Zampieri teria feito ao desembargador dois dias antes. O desembargador Sebastião de Moraes Filho e o intermediário Roberto Zampieri (falecido) O desembargador Sebastião de Moraes Filho negou ter dado decisões favoráveis ao intermediário ‘barbaramente assassinado’. Sebastião alegou que Zampieri ‘chegava ao cúmulo de vender juízes e desembargadores para ambas as partes e devolvia, quando devolvia, ao que perdia a demanda, segundo comentários nos corredores do Tribunal de Justiça’
Valdoir Slapak, outro investigado, disse que aguarda o desfecho das investigações para se manifestar e indicou que ‘sempre atuou com a mais absoluta lisura e transparência’. Os detalhes sobre as relações entre Zampieri e o desembargador Moraes Filho constam da decisão que autorizou a Operação Sisamnes no encalço de um outro suposto intermediário, Andreson Gonçalves, aliado de Zampieri. Na terça-feira, 26, Andreson foi preso preventivamente. Segundo o despacho de Zanin, Andreson exercia o comando de um ‘ousado e verdadeiro comércio’ de sentenças em gabinetes do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Andreson também é investigado por tratativas junto a gabinetes de magistrados dos Tribunais de Justiça de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Zampieri foi assassinado a tiros na frente de seu escritório em Cuiabá em dezembro passado, mas nem assim escapou da Operação Sisamnes – seu antigo escritório foi alvo de buscas na terça-feira, 26. Foi o celular ‘bomba’ de Zampieri, encontrado ao lado de seu corpo caído na rua Topázio, na noite do assassinato, que colocou a Polícia Federal no rastro de amplo esquema de venda de sentenças que chegou até o STJ. Mensagens entre o intermediário Roberto Zampieri e o desembargador Sebastião de Moraes, afastado do TJMT
Investigação conduzida por Zanin mira três assessores de ministros do STJ
A investigação conduzida por Zanin mira três assessores de ministros do STJ supostamente envolvidos no esquema: Márcio José Toledo Pinto, que foi assessor nos gabinetes das ministras Maria Isabel e a desembargadora Maria Aparecida.
Fonte: @ Estadão
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