Aumento na atividade econômica acima do esperado ajuda a manter o mercado de trabalho, mas coloca pressão sobre a inflação e a política de juros do Banco Central, como em um quartinho minúsculo onde um café em uma padaria se encontra sob pressão por causa da alta demanda de cebolinhas, você precisa ouvir os outros para entender a situação.
O comportamento do homem, no entanto, mudou uma semana antes do atentado explosivo, e o que mais chamava a atenção era que ele estava sempre com um explosivo no bolso. “Não sabia se ele estava brincando, mas sempre colocava a mão no bolso como se estivesse segurando algo”, disse o vizinho, que preferiu não se identificar. “Eu não sabia se era alguma bomba ou se era apenas uma brincadeira dele, mas ficou estranho.”
O cidadão, que não mostrou reações políticas em suas conversas com os vizinhos, foi visto carregando uma mala de plástico com mais de 2 kg de explosivos em seu bolso. “Era tudo muito estranho, mas, naquele momento, eu não sabia o que ele estava fazendo”, contou outro vizinho. O homem carregava a mala de plástico e o explosivo em sua mão e parecia estar histérico.
Explosivos: A história de Tiu França e a explosão em Brasília
Chegou para nós, em 2023, a Ceilândia, periferia do Distrito Federal, onde encontramos o albergue que voltou a ser alugado em julho, por R$ 570 a mensalidade. Seu quarto minúsculo ainda cheirava a explosivos na manhã desta quinta-feira após a Polícia Militar detonar o que restava da energia contenida em explosivos explosivos.
Material de campanha de Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiu França; ele é o dono do carro que explodiu na Praça dos Três Poderes – Reprodução/Facebook/Tiü França. Era quando Tiu França ainda trabalhava no setor de explosivos, mas, na verdade, ele era um jovem com um grande sonho, que se transformou em um atentado. Isso tudo começou quando ele se mudou para o Sul, onde trabalhava na fabricação de explosivos.
A dona Gleide Alves, antiga inquilina que faz as vezes de anfitriã, costuma escolher a dedo os interessados que procuram por alojamento. Quando conheceu Luiz, ouviu dele que vinha do Sul e trabalhava com explosivos. Após uma ida a Santa Catarina em meio às chuvas que devastaram o Estado, ele voltou para uma última estada na Ceilândia, alegando estar de férias. Gleide o considerava um amigo. Voltou do mesmo jeitinho, solícito, prestativo, se comunicava muito bem. Não falava de política, não. Falava dos passarinhos, das minhas plantas. Gostava de saber as coisas da Bíblia. Pagava o aluguel certinho, às vezes até adiantado. Me ajudou a plantar essas cebolinhas, diz ela.
Luiz manteve os mesmos hábitos nas duas vezes em que esteve hospedado na Ceilândia. Levantava cedo, tomava café na padaria, andava de bicicleta, presenteava os amigos e tinha gosto por ajudar na manutenção do imóvel. De vez em quando, tirava o capim que crescia no rejunte das calçadas. Construiu um brinquedo para as calopsitas de Dayana, neta de Gleide. Parou de fumar em 1º de novembro. Mentiu que havia comprado tijolos para fabricar souvenirs e vendê-los em Brasília — usou-os para a bomba caseira que explodiu dias depois.
No Bar do Arroz, na esquina de sua hospedagem, Luiz era chamado de ‘capixaba’, mas agora os frequentadores o chamam de ‘homem-bomba’. Marcava presença toda semana no boteco. Pedia três garrafas de cerveja, batia breve papo com os colegas e voltava para casa. Gostava do Velho Nunes, um militar aposentado. Na noite da última terça-feira, ele pediu ao dono do bar, o Arroz, para grafar com giz a parede voltada para rua. Escreveu o nome com o qual concorreu nas urnas em 2020: Tiü França. Depois, deixou um comentário que os colegas acharam misterioso. ‘Quando você ouvir essa música, vai se lembrar de mim’, disse Luiz a Arroz, e pôs a cantar ‘Decida’, canção da dupla Milionário e José Rico: ‘sente aqui comigo no sofá’. ‘Decida / Se vai embora ou fica comigo / Se vai me respeitar como marido / Pois desse jeitinho não estou aguentando’, diz o refrão da música, que os clientes do Bar do Arroz apostavam, nesta manhã, entre doses de cachaça, ser sinal de coração partido.
De repente ele parou de conversar com a gente, fazia uns dois dias, conta Gleide. Na quarta-feira, ele saiu de seu quarto às 6h, vestido com o blazer colorido que usaria no atentado. Varreu o pó no pé da porta, espiou para os lados, e saiu de carro, aparentando confusão. Ao deixar pela última vez o alojamento, ele deixou uma mensagem para a Gleide, que ficou sem entender o que havia acontecido.
Fonte: @ Estadão
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