Há vida política além do fisiologismo do Centrão, boçalidade do bolsonarismo e oportunismo petista, com centro-direita e centro-esquerda, e momento de radicalização, não apenas um centro, é de reunião do ministro.
O cenário eleitoral brasileiro é rico em nuances e tendências. No âmbito municipal, as eleições projetam e definem o perfil político de uma região, oferecendo uma visão ampla do panorama nacional, especialmente quando se considera o centro da política, que é frequentemente ocupado por figuras comuns, como vereadores e prefeitos. Essas figuras, em sua maioria, são não partidárias e buscam conciliar interesses e demandas díspares, muitas vezes encontrando centro em sua postura.
Algumas regiões elegem líderes de centro-direita que são conhecidos por sua capacidade de conciliar interesses, enquanto outras optam por candidatos de centro-esquerda que são mais propensos a defender os direitos sociais e ambientais. Além disso, a eleição de prefeitos e vereadores é uma referência importante para a formação de alianças entre partidos e coalizões, podendo impulsionar ou desacelerar as candidaturas presidenciais. À medida que as eleições se aproximam, o ambiente político se torna cada vez mais animado, com lideranças e partidos lutando por espaço no cenário político.
Centro político: o grande elefante branco
Com o racha na nova direita bolsonarista e o envelhecimento da esquerda, especialmente do PT, surgem no cenário os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ambos se movendo para o centro do palco. Tarcísio desliza para a centro-direita, enquanto Haddad, impulsionado pelo cargo, se desloca para a centro-esquerda. O ditado ‘Deus escreve certo por linhas tortas’ parece se aplicar à eleição municipal, que se desenvolve de forma tortuosa e complexa, empurrando a política brasileira para o seu velho eixo, nem tanto à direita, nem tanto à esquerda. O que é este centro, ainda não está claro, considerando a asfixia do centro não apenas no Brasil, mas também na América, na Europa e pelo mundo. O momento é de radicalização, mas há indícios de que a política brasileira está voltando ao prumo. Uma reunião entre o ministro Fernando Haddad e o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, é um exemplo disso.
Tarcísio precisa, ao mesmo tempo, da marca Jair Bolsonaro e se livrar da acidez bolsonarista, enquanto Haddad só tem chance se batizado novamente pelo presidente Lula, mas se desvencilhando dos erros e das cicatrizes do PT. Nessa equação, os primeiros obstáculos a ultrapassar na corrida para 2026 estão dentro de casa. Os maiores inimigos de Tarcísio já colocam as manguinhas de fora: Bolsonaro, os filhos e os aliados radicais. E os de Haddad são os que já puxam o tapete do ministro da Fazenda, imagine eles, do eventual candidato a presidente? Quais são eles? Os petistas, inclusive, ou principalmente, os do comando do partido. Para os bolsonaristas e parte do petismo, Tarcísio e Haddad têm, vejam só, o mesmo ‘defeito’: são ‘liberais demais’. O que é que os distingue do centro? A questão é que, apesar da explosão bolsonarista e do apelo das ideias velhas petistas para a economia, por exemplo, a maioria do eleitorado brasileiro ainda é exatamente assim: liberal, moderada ou…centrista.
Os tempos extraordinários de mensalão, petrolão e do strike da política e dos políticos tradicionais, que empurraram para o fundo do poço a polarização entre PSDB e PT e arranharam gravemente os próprios PSDB e PT, aparentemente estão passando. O grande problema agora é distinguir centro de Centrão; direita de bolsonarismo e esquerda de PT. Há vida política para além do fisiologismo do Centrão, da boçalidade do bolsonarismo e do oportunismo petista.
Fonte: @ Estadão
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