Eduardo Pimentel é vice do ex-presidente do PSD, mas Bolsonaro apoiou Cristina Graeml do PMB, causando contenda por voto na cidade de origem, berço da direita, ao desafiar a capital de estados, deixando sua campanha sem respira.
O ex-presidente Jair Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente em relação ao segundo turno das eleições em Curitiba, cidade-berço da Operação Lava Jato e capital do Estado do Paraná, onde o eleitorado conservador é majoritário. Para a jornalista Cristina Graeml, candidata pela Partido da Mobilização Brasileira (PMB), o apoio do ex-presidente foi fundamental para garantir seu lugar no segundo turno do pleito.
Na disputa pela prefeitura de Curitiba, o candidato Eduardo Pimentel, do Partido Social Democrático (PSD), também busca o voto do eleitorado conservador, mas sem o apoio direto de Jair Bolsonaro. A ausência do ex-presidente na disputa pelo cargo de prefeito tem sido um tema de debate entre os eleitores da cidade, que busca compreender a influência política do político no resultado do pleito. Na medida em que as eleições se aproximam, o voto do eleitorado passa a ser cada vez mais importante, afinal, é o eleitor que escolhe o candidato que o representa na cidade e, consequentemente, define o destino da cidade. A lava jato foi uma operação que gerou grande polêmica entre os eleitores de Curitiba, onde Jair Bolsonaro é visto como alguém que sempre defendeu a liberdade e a justiça, ao contrário de Eduardo, que é um candidato que agrada aos conservadores. Assim, é interessante observar como o eleitorado responderá às campanhas de ambos os candidatos, o que pode influenciar o resultado do pleito.
Crise no PL após episódio com Bolsonaro e candidata Graeml
O episódio com Bolsonaro pegou o Partido Liberal de surpresa, considerando o vínculo do partido com o PSD e a vice de Paulo Martins. Com 31,17% dos votos, Graeml conseguiu superar candidatos como o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB, 19,44%) e o deputado federal Ney Leprevost (União, 6,49%), cuja vice era Rosângela Moro, esposa do popular ex-juiz e senador Sergio Moro (União). Pimentel saiu ligeiramente à frente, com 33,51%. As pesquisas mais recentes apontam que a vantagem do candidato do PSD, ele marca 51,4% contra 43% de Graeml na AtlasIntel, enquanto a Quaest também aponta superioridade, com o placar de 42% a 39%. O que faz a campanha de Graeml respirar aliviada é o distanciamento de Bolsonaro do pleito.
Mas o ex-presidente chegou perto de causar uma reviravolta na disputa. Dias atrás, chegou à cúpula do PL a informação de que Bolsonaro planejava viajar a Curitiba nesta semana final de campanha para subir ao palanque de Graeml, e os dirigentes correram para desmobilizar a viagem. Na segunda-feira, 21, o senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral da legenda e incumbido de conversar com Bolsonaro enquanto o presidente Valdemar Costa Neto é proibido judicialmente de manter contato com o ex-presidente, telefonou para o aliado e o convenceu a passar longe do Paraná. ‘Eu mandei um recado ao Bolsonaro, (falei): ‘Nós temos um aliado lá que é de direita e defende as pautas da direita, que é o Ratinho (Júnior, do PSD), sempre te prestigiou, governador bem aprovado. Você vai ficar mal com ele?’ Aí ele maneirou. Mas Bolsonaro tinha marcado de ir pra lá, esses dias, para ajudar a mulher’, afirmou Valdemar ao Estadão.
O que poderia ser uma saia-justa para o partido ganha ares de crise pelo fato de ter sido o próprio Bolsonaro a ter convencido Martins a desistir da pré-candidatura à prefeitura de Curitiba para integrar a vice do PSD, de acordo com dirigentes do PL. Pimentel, que tinha o apoio oficial ex-presidente, vem se negando a responder se considera o gesto como uma traição. Na ausência de Bolsonaro, Graeml apelou a um boneco de papelão do ex-presidente durante um comício nesta semana. Mas, se ela não pode ter o ex-presidente no palanque, as ideias do aliado estão em peso em seu cardápio de propostas para a capital paranaense. Ela questiona a transparência e credibilidade do processo eleitoral de 2022, diz existir uma ‘indústria que estimula o aborto’, coloca dúvidas sobre a eficácia das vacinas, defende anistia a pessoas que foram multadas durante a pandemia por desrespeitar as orientações sanitárias e usa o termo ‘ideologia de gênero’ para se referir a políticas de diversidade de gênero e sexual. Com duas candidaturas de direita na corrida por um eleitorado também conservador, Graeml vem tentando colar no adversário a pecha de esquerdista. Numa entrevista coletiva após o primeiro turno, a candidata deu o tom do que considera um fator desestabilizador para a definição da vitória: ‘Eu acho que a grande pergunta que o eleitor precisa se fazer neste momento é: quem o PT vai apoiar no segundo turno?’
Fonte: @ Estadão
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