Candidatos ricos receberam R$ 3,1 milhões em verba, enquanto políticos com patrimônio menor tiveram R$ 3 mil do fundo eleitoral, mostra estudo.
No Brasil, o fundo eleitoral desempenhou um papel crucial nas eleições municipais, beneficiando candidatos que já possuem experiência política e apresentam maior visibilidade, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Millenium. Essa tendência sugere que o fundo eleitoral pode estar reforçando a posição de candidatos já estabelecidos, em vez de promover a renovação política.
Além disso, o estudo também revelou que a distribuição da verba pública para os candidatos foi desigual, com alguns recebendo uma parcela significativa dos recursos financeiros disponíveis. Isso pode ter contribuído para a vantagem de candidatos mais experientes, que já possuem uma base de apoio mais sólida e maior acesso ao dinheiro público. A transparência na gestão do fundo eleitoral é fundamental para garantir a igualdade de oportunidades entre os candidatos.
O Fundo Eleitoral e a Concentração de Recursos
A análise do fundo eleitoral revela que os políticos homens e brancos foram os principais beneficiados pelas cifras bilionárias de dinheiro público destinadas às campanhas. O estudo questiona os valores atuais do fundo na era digital e aponta falta de clareza na prestação de contas, concluindo que a verba está longe de democratizar o acesso aos recursos e criar condições de igualdade entre os candidatos, contrariando o motivo de sua criação. Além disso, o fundo eleitoral proporciona margem para a corrupção.
O fundo eleitoral soma R$ 4,96 bilhões neste ano, e até o dia 29 de setembro, os partidos movimentaram R$ 4,2 bilhões para as campanhas nas cidades brasileiras. Os políticos mais ricos, com patrimônio acima de R$ 1,2 milhão, receberam 25% dos recursos (R$ 1,2 bilhão), correspondendo a apenas 0,09% dos postulantes a prefeito e vereador.
A Concentração de Recursos e a Desigualdade
A repartição do dinheiro é definida pelos partidos políticos, dominados por dirigentes que fazem as escolhas. Embora haja cotas para negros e mulheres, nas últimas eleições, os partidos que descumpriram as regras foram anistiados. Não há nenhuma regra que organize a verba eleitoral de acordo com a renda dos candidatos. Quase a metade da verba do fundão (49%) ficou concentrada nos candidatos com patrimônio acima de R$ 485 mil, que representam apenas 0,27% das candidaturas.
Enquanto isso, os candidatos com patrimônio entre R$ 0,01 e R$ 86 mil, que representam a maioria dos nomes na urna (58,2%), receberam apenas 15,5% dos recursos. Os dados analisados indicam que o fundão eleitoral, em sua aplicação, está longe de cumprir seu objetivo de democratizar o acesso aos recursos e criar condições de igualdade entre os candidatos.
A Desigualdade e a Concentração de Recursos
Enquanto um candidato rico recebeu em média R$ 3,1 milhões para gastar na campanha, os políticos com patrimônio menor (até R$ 86 mil) tiveram R$ 3 mil do fundo eleitoral. Entre os mais ricos, 87% da verba foi para homens e 13% foi para mulheres. Nessa mesma faixa de políticos com patrimônio maior, 70% do fundo ficou com brancos, enquanto 27% foi destinada a pardos – pretos, amarelos e indígenas ficaram com apenas 3%.
A desigualdade é puxada pelas capitais, onde estão os candidatos que recebem mais recursos dos partidos políticos. Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, lidera o ranking, com R$ 65,7 milhões do fundo eleitoral. Boulos se declara branco e o patrimônio dele é de quase R$ 200 mil reais, não figurando entre os mais ricos. No restante da lista, porém, há políticos mais abastados, como Ricardo Nunes (MDB), também branco, com patrimônio de R$ 4,8 milhões e R$ 42 milhões de fundo eleitoral.
Fonte: @ Estadão
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