Operação Churrascada: Ivo de Almeida, do TJ-SP, negou ter recebido dinheiro ilícito e explicou “mecânico” como troca de caixa de câmbio de seu Vectra 2009.
Um magistrado brasileiro, Ivo de Almeida, se encontra no centro de uma operação policial envolvendo suspeitas de venda de sentenças, chantageio e corrupção. A investigação, liderada pela Polícia Federal, busca desentranhar uma complexa rede de envolvimentos e subornos.
Essa equipe de investigadores descobriu que, durante as trocas de mensagens entre os suspeitos, foram utilizadas senhas cripticas para fazer referência a pagamentos ilegais. Churrasco é um dos termos usados e parece ser uma linha de comunicação particularmente interessante. O desembargador Ivo de Almeida é alvo da operação, que busca desvendar a rede de corrupção, e atinge diretamente a figura de um magistrado.
Magistrado sob suspeita de manipulação de sentenças
Em depoimento, o magistrado foi confrontado com as suspeitas de manipulação de sentenças, e ele respondeu que fazia referência à troca da caixa de câmbio de seu Vectra 2009, um veículo que lhe pertencia. No entanto, a Polícia Federal (PF) não acredita que a explicação seja convincente. Os investigadores também questionaram o magistrado sobre a utilização de códigos em suas mensagens, que os levaram a suspeitar de uma correlação com uma operação que envolvia a venda de sentenças.
Desembargador nega envolvimento em esquema de venda de sentenças
O desembargador, em depoimento, afirma que foi vítima de um ex-amigo que vendia ilusões valendo-se do seu nome e prestígio, sem que ele soubesse. A defesa do magistrado registrou que os depoimentos e perícias realizadas comprovam sua inocência e demonstram que ele foi vítima de um esquema de manipulação. O magistrado também alegou que não teve nenhuma ganância financeira envolvida.
PF resgata mensagens entre magistrado e advogado
Os investigadores da PF resgataram mensagens entre o magistrado e o advogado Marco Antonio Gonçalves, que remontam a pelo menos dezembro do ano passado. Uma das mensagens chamou atenção dos investigadores por estar ‘aparentemente cifrada’. O magistrado e o advogado estavam trocando códigos em suas mensagens, o que levou os investigadores a suspeitarem de uma correlação com a operação que envolvia a venda de sentenças.
Mecânico e peça nova para o carro
Os investigadores da PF encontraram uma conversa entre o magistrado e o advogado, em que o advogado solicitava ao magistrado que não esquecesse de ver a peça nova que o mecânico precisava para deixar o carro em ordem. O magistrado respondeu que estava procurando, mas só havia encontrado uma loja no interior, que vendia uma peça ‘mais ou menos no mesmo modelo’. A PF não acreditou na explicação do magistrado, que afirmou que a peça era para a caixa de câmbio do seu Vectra 2009.
Conclusão da PF
A PF concluiu que a conversa entre o magistrado e o advogado não estava relacionada a uma simples manutenção de veículos, pois a terminologia utilizada era cuidadosamente evitada. Os investigadores também questionaram o magistrado se o advogado conhecia seu mecânico, e a resposta foi negativa. Isso levou os investigadores a concluir que o advogado não teria motivo para lembrar o magistrado de uma peça que o mecânico precisava, pois não o conhecia.
Indiciamento do magistrado
O magistrado foi indiciado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de advocacia administrativa e violação de sigilo. A defesa do magistrado chamou o indiciamento de ‘manifestamente arbitrário e ilegal’.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo