Empreendimento da Even na zona sul de São Paulo com áreas de lazer sofisticadas e arquitetura minimalista, refletindo a demanda crescente por qualidade de vida e bem-estar, com cristal multifacetado e consciência da nossa inteligência múltipla.
Na esfera da inovação e do conhecimento, há uma fábula ancestral que ensina lições valiosas para as gerações futuras. O mito dos deuses do Olimpo, em sua variação grega, sugere que a evolução dos homens, impulsionada pelo seu talento, gerou um medo profundo nos próprios deuses, pois eles perceberam que, com o tempo, os homens poderiam ultrapassar até mesmo os poderes divinos. Nesse contexto, Zeu, o rei dos deuses, em um ato de precaução, proclamou: ‘Vamos nos insurgir!
Essa história, com o passar do tempo, se transforma em uma metáfora para a busca incessante do conhecimento humano, o potencial humano. Com a capacidade de aplicar o talento em diversas áreas, os seres humanos têm sido capazes de desvendar segredos e superar obstáculos, desafiando as fronteiras do que se considera alcançável. É justamente essa combinação de inteligência, habilidades e potencialidades que permite aos seres humanos progredir, tornando-se cada vez mais criativos e inovadores, com o talento sendo o combustível para essa jornada contínua de descobertas e superações.
Talento Invisível
Na esfera da consciência de nossos talentos, um velho provérbio afirma: ‘Escondamos do homem o seu talento e ele jamais nos alcançará!’ A pergunta que se coloca é: onde podemos esconder esse tesouro escondido? Os deuses antigos não concordavam sobre o melhor local para escondê-lo. Poseidon, guardião dos mares, sugeriu mergulhar nas profundezas dos oceanos, onde poucos ousariam mergulhar. Em contrapartida, Apolo, deus da luz e da arte, propôs levar o talento ao cume do Himalaia, onde a pureza da neve poderia purificar qualquer defeito. Ares, deus da guerra, sugeria lançar o talento nos desfiladeiros das Termópilas, onde a força do coração poderia martelar qualquer obstáculo. Deméter, deusa da agricultura e da fertilidade, recomendava enterrar o talento nas areias movediças do Saara, onde a paciência e a perseverança poderiam extrair o melhor do solo. Por fim, Hefesto, deus do fogo, aconselhava jogar o talento nos magmas vulcânicos do Vesúvio, onde a força da paixão poderia moldá-lo como um verdadeiro artista.
No entanto, impávido e altaneiro, o poderoso Zeus se levantou-se do trono e deu o veredito: ‘Nada disso! O melhor esconderijo para o talento do homem é no interior dele mesmo, onde ele não há de procurar.’ Essa fábula na verdade nos enche de esperança, pois revela o quanto jazem latentes e escondidos, em tantos de nós, os dons, as virtudes, os valores, o autoconhecimento. Quanta riqueza desconhecida há em cada um de nós!
O psicólogo e professor Howard Gardner, da Universidade de Harvard, publicou, em 1987, a teoria das nove inteligências múltiplas: lógico-matemática, linguístico-verbal, musical, espacial, corpóreo-cinestésica, interpessoal, intrapessoal, naturalista e existencial. Segundo Gardner, estas inteligências são como um cristal multifacetado e, tal qual, podem e devem ser polidas, revelando as habilidades do ser humano. A teoria de Gardner se baseia em duas premissas: a primeira, que cada tipo de inteligência nos é concedida como herança biológica; e a segunda, que as habilidades do ser humano são ‘como um cristal multifacetado e, tal qual, pode e deve ser polido’.
Os neurocientistas e psicólogos afirmam que o peso atribuído à genética na formação de uma pessoa talentosa é estimado entre 30% e 50%. No entanto, é também consenso que nossas potencialidades serão desenvolvidas com elevados estímulos, determinação, muita transpiração e disciplina pessoal, pois no caminho que leva aos píncaros de algum reconhecimento, poucos são os bancos com sombra. Além disso, tão importante quanto ter consciência de nossos talentos é conhecer nossas limitações e fragilidades, pois nem todos os caminhos são para todos os caminheiros. Em muitas fases da vida, a travessia é penosa, plena de incertezas como se estivéssemos navegando em noite escura sem carta náutica. Mas com enlevo e espiritualidade, sejamos flexíveis, resilientes, solidários, porque sempre há uma lua que resplandece no céu, símbolo da esperança e da fé em um novo amanhã com as luzes de um sol radiante.
‘A gente é para brilhar. Brilhar com brilho eterno’, declama o grande poeta soviético Vladimir Maiakóvski (1893-1930). Ele próprio era um gênio do talento linguístico, mas inconsistente nos relacionamentos humanos, na inteligência interpessoal, por ser intempestivo, vaidoso, cáustico, alcoólatra. Dizia: ‘prefiro morrer de vodca a morrer de tédio’. Após concluir o famoso poema A plenos pulmões, com um tiro no peito, tirou a própria vida. O poema, publicado postumamente, é um manifesto de despedida e desilusão. Por ser crítico do regime stalinista, há a versão de que o suicídio de Maiakóvski teria sido forjado.
Aqui entre nós, temos como exemplo a poeta paranaense Helena Kolody (1912-2003), intensamente comprometida com sua arte, apesar de viver muitas dificuldades. A sua consciência de nossos talentos, como um cristal multifacetado, foi polida ao longo de sua vida, revelando as habilidades do ser humano em sua arte.
Fonte: @ Estadão
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