Compras militares envolvem sigilo, segurança nacional e termos questionáveis como propinas e pagamentos.
A corrupção ainda é um grande problema para o Brasil, e recentemente, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos decidiu abrir uma investigação sobre a compra dos caças Gripen pelo governo brasileiro em 2014. A medida foi tomada após a Saab North America ser requisitada a fornecer informações sobre o processo de compra, que foi objeto de corrupção.
Paralelamente, o presidente do Brasil, Lula, manifestou sua indignação com a medida norte-americana e acusou o governo de corrupção de interferir nas decisões internas do país. Enquanto isso, a oposição aproveitou a oportunidade para pedir a reabertura de investigações sobre o processo de compra dos caças, reforçando a necessidade de transparência e combate à corrupção no Brasil.
Compreensão da Corrupção nas Indústrias de Defesa
A corrupção é um tema complexo, especialmente em indústrias de defesa, onde a transparência e a ética são fundamentais para a confiabilidade e a confiança. A história da Saab, uma das principais fabricantes de caças da Suécia, ilustra o impacto das investigações de corrupção em negócios envolvendo o Estado. Em 2020, a Saab enfrentou escândalos envolvendo pagamentos questionáveis para autoridades brasileiras, o que realçou a importância da transparência nas operações do governo.
A corrupção na era das compras militares não é uma novidade. De fato, a corrupção nas indústrias de defesa é um problema arraigado que remonta a décadas. Os Estados Unidos foram líderes nesse campo, tendo criado o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) em 1977, uma medida que visa combater a corrupção internacional. O FCPA foi inspirado em casos de corrupção envolvendo a Northrop e a Lockheed Martin, duas das principais empresas da indústria de defesa norte-americana, que pagaram propinas a autoridades em vários países.
Essa legislação marcou um ponto de inflexão na luta contra a corrupção. Muitos países seguem o exemplo do FCPA, e a corrupção, embora ainda persista, é objeto de cada vez mais intensas investigações e penalizações. A percepção de que os militares seriam menos corruptos do que outros setores pode ser um mito, pois a corrupção, infelizmente, pode infiltrar-se em qualquer esfera da sociedade.
Em 1945, a China enfrentou um colapso significativo de seu exército, parte dessa crise foi atribuída à corrupção, e não à falta de equipamentos. Essa situação se repetiu mais recentemente, em 2023, com a expulsão de muitos altos oficiais chineses por corrupção – muitos, provavelmente, ‘vista grossa’ na entrega de materiais de segunda mão.
A invasão russa da Ucrânia e as compras de materiais bélicos por Kiev representam uma oportunidade para discutir a questão da corrupção em operações militares. O governo ucraniano anunciou em janeiro de 2024 que havia desbaratado um esquema de corrupção para a compra de munição que custaria cerca de US$ 40 milhões. O governo russo tentou aproveitar-se da situação para criticar a corrupção em Kiev.
Fonte: @ Estadão
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