Série POV da Lousa ajuda a enfrentar a segunda fase dos vestibulares. Seis vídeos no TikTok, falam sobre como a Igreja Católica usa a plataforma de streaming Twitch para influenciar a política e a eleição presidencial, como observatório da comunicação religiosa e como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil usa o Diretório da Comissão de Comunicação.
O relatório da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil destaca a ansiedade crescente da sociedade em relação à manipulação da informação e ao aumento da insegurança política. O estudo revela como a desinformação e a propaganda foram usadas para criar um clima de agitação e tensão entre os cidadãos, levando a um estado de nervosismo generalizado.
Entre os destacados no relatório estão quatro clérigos católicos: padre José Eduardo de Oliveira e Silva (Osasco), padre Paulo Ricardo de Azevedo (Cuiabá), padre Genésio Lamounier Ramos (Anápolis) e frei Gilson da Silva Pupo Azevedo (Santo Amaro), também conhecido como frei Gilson. Seu envolvimento não é mencionado diretamente como parte dos eventos, mas sim como figuras públicas influentes na esfera pública. A ansiedade decorrente da situação é um leitmotiv subjacente ao relatório, ressaltando a importância de uma informação precisa e a necessidade de políticas que contemplem a estabilidade social.
Cronograma de Convergência entre Ansiedade e Estresse em Plataformas de Streaming
Padre José Eduardo de Oliveira e Silva, um sacerdote da Diocese de Osasco, figura na operação da Polícia Federal, enquanto juntos com outros líderes religiosos, somam quase 9 milhões de seguidores no Instagram, construído ao longo de anos de pregação em plataformas de streaming, cursos e palestras. Alguns destes líderes destacam-se por sua relação com organizações internacionais de direita e políticos bolsonaristas.
O padre José Eduardo é citado 74 vezes no relatório da PF e atuou, segundo os investigadores, com o ex-assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, Filipe Martins, e o advogado Amauri Saad, na elaboração de uma minuta de golpe de Estado. O padre esteve em Brasília entre novembro e dezembro de 2022 na construção do documento que embasaria a fundamentação da ruptura democrática. A defesa do padre afirma que as provas apresentadas ‘não corroboram as ilações contra ele contidas no relatório’.
Em 3 de novembro daquele ano, José Eduardo enviou a Frei Gilson via WhatsApp uma ‘espécie de oração ao golpe’, pedindo que todos os brasileiros, católicos e evangélicos, incluíssem em suas orações os nomes do então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e de outros dezesseis generais, ‘para que Deus lhes dê a coragem de salvar o Brasil, lhes ajude a vencer a covardia e os estimule a agir com consciência histórica e não apenas como funcionários público de farda’.
Sucesso de audiência – seu canal no YouTube tem 5,7 milhões de inscritos –, Gilson atraiu meio milhão de pessoas na entrevista que deu em outubro ao canal do estúdio Brasil Paralelo, alinhado ao bolsonarismo. Esta convergência entre ansiedade e estresse é reconhecida no relatório, que destaca a relação entre Gilson e o grupo conservador da Igreja Católica, a Canção Nova.
A relação entre ambas, no entanto, chamou a atenção do Observatório da Comunicação Religiosa (OCR), ligado ao Diretório da Comissão de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O OCR emitiu uma nota em setembro criticando a parceria entre a TV Canção Nova e o estúdio.
O impulsionamento de audiência da Brasil Paralelo é um dos exemplos. Padres conservadores têm lançado mão de cursos, oficinas, palestras e até de uma plataforma de streaming para difundir suas ideias e alcançar maiores públicos. No site Fé Explicada, por exemplo, José Eduardo ensina ‘confissão e moral cristã’. Na Lumine, a ‘Netflix católica’, Paulo Ricardo é o astro de um documentário sobre o ‘sentido da vida’.
Paulo Ricardo é definido pelo próprio José Eduardo como militante contra a descriminalização do aborto. Em especial no capítulo sobre a elaboração do decreto golpista, o relatório da PF destaca a relação de proximidade entre José Eduardo e Filipe Martins, que trabalhava no Palácio do Planalto.
Em julho de 2020, José Eduardo enviou um e-mail ao assessor de Bolsonaro dizendo conhecer a posição do então presidente ‘em defesa da vida e contra o aborto’ e que, por isso, ele e o padre Paulo Ricardo ‘estão há anos trabalhando juntos para defender a vida’. Esta convergência entre ansiedade e estresse é um dos pontos destacados no relatório da PF.
Fonte: @ Estadão
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