Disputa histórica entre petista e Maluf pelo comando da prefeitura paulistana há 24 anos, em dois turnos, marcou a gestão e o direito de resposta.
A eleição de 2000 para a Prefeitura de São Paulo foi marcada por uma disputa acirrada entre os candidatos. Nesse contexto, a ex-deputada federal Marta Suplicy (PT) não hesitou em criticar seu adversário, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), durante a campanha.
Marta Suplicy não poupou críticas e chamou Paulo Maluf de “mitômano” e “mentiroso contumaz”, o que lhe rendeu um direito de resposta do ex-prefeito. A eleição foi um divisor de águas na política paulistana, e a disputa entre esses dois candidatos foi uma das mais lembradas da história da cidade. A campanha foi marcada por trocas de farpas e acusações, mas no final, apenas um poderia ser eleito.
A Eleição de 2000: Um Debate Acrirrado
A senhora, administrativamente, é desqualificada, rebateu Maluf, gerando protestos da petista Marta Suplicy, que respondeu com um ‘Cala a boca, Maluf’. O debate na TV Bandeirantes havia começado há apenas 18 minutos, e ambos os candidatos haviam prometido manter a cordialidade durante a discussão. No entanto, o tema que motivou a intriga foi a construção de piscinões durante a última gestão de Maluf, de 1993 a 1996.
Marta Suplicy, que disputou o governo paulista em 1998, havia sido escolhida para disputar a eleição à Prefeitura paulistana em 2000. Ela alegou que Maluf não havia construído cinco piscinões para conter enchentes na cidade, como havia prometido durante a campanha de 1992. Maluf, por outro lado, alegava ter entregado as obras.
A Disputa pelo Voto Paulistano
Marta foi a escolha de 2.105.013 paulistanos no primeiro turno, o que representou 34,40% dos votos válidos, rendendo-lhe a liderança da eleição e o favoritismo no segundo turno. Já Maluf havia levado a melhor em uma disputa parelha contra Geraldo Alckmin (PSDB), então vice-governador de São Paulo. O ex-prefeito foi escolhido por 960.581 eleitores, superando em menos de 8 mil votos a chapa de Alckmin com o deputado estadual Campos Machado (PTB).
Em termos porcentuais, Maluf teve 17,40% dos votos e Alckmin, 17,26%. A gestão de Maluf e a escolha de Pitta como seu sucessor foram pontos importantes na campanha. Em um levantamento do Datafolha divulgado em 11 de outubro de 2000, na semana anterior ao debate, a petista tinha 69% dos votos válidos, contra 31% de Maluf.
O Debate e a Reação de Maluf
Durante o debate, após o incidente com o ‘cala a boca’, Maluf insistiu em chamar a adversária com o apelido ‘Dona Marta do PT’, reforçando o partido da candidata e o apoio de figuras como Luiz Inácio Lula da Silva. Naquela época, o petista, que viria a ser eleito presidente em 2002, não contava com o apoio da maioria do eleitorado paulistano. Dois anos antes, na eleição presidencial de 1998, Lula angariou 1.390.559 votos na capital, 27,71% dos votos válidos.
Enquanto isso, seu principal adversário, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), obteve o apoio de 3.099.779 paulistanos, 61,78% do eleitorado. O Maluf ‘azarão’ na eleição de 2000 era o mesmo que, oito anos antes, no pleito de 1992, venceu o então senador Eduardo Suplicy (PT), então cônjuge de Marta, e fez um mandato com índices elevados de aprovação. O ponto de inflexão na popularidade do ex-prefeito pode ser explicado com a escolha feita para a sua sucessão no comando da cidade.
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo