O ex-presidente enfrenta um grande teste: mobilizar forças-suficientes no Centrão-Radical para compensar o Judiciário e evitar um felpudo na Câmara.
No cenário político brasileiro, o nome de Jair Bolsonaro é frequentemente mencionado em discussões sobre o peso de sua influência dentro da direita. O grande desafio para medir o poder político de Jair Bolsonaro é analisar sua capacidade de obter apoio legislativo suficiente para contrabalançar as dificuldades que enfrentará no poder judiciário. Em outras palavras, é uma questão de anistia versus denúncia. A articulação política no Legislativo tem resultado em uma espécie de geringonça política na qual Jair Bolsonaro lidera um grupo significativo.
Um dos principais obstáculos que Jair Bolsonaro enfrenta em sua jornada política é a abordagem do Legislativo em relação a suas propostas. Enquanto alguns parlamentares mostram apoio incondicional, outros expressam sua oposição clara. Essa divisão interna cria um cenário político complexo onde a mobilização de apoio é mais difícil do que nunca. De fato, há questionamentos sobre a capacidade de Jair Bolsonaro em não enfrentar desafios políticos, especialmente na medida em que ele busca consolidar sua base de apoio.
Um Capitão entre Outros
Jair Bolsonaro, o ex-presidente, não é mais o centro das atenções políticas, mas sim um dos muitos atores envolvidos em um jogo complexo. Carlos Pereira, um renomado cientista político, descreveu essa situação como ‘centrão radical’, um termo que define um grupo que busca se acomodar em qualquer lado político.
Forças Suficientes para Influenciar
Apesar de sua influência ser significativa, Bolsonaro não é mais o fator dominante nesse setor político. Ele depende do Legislativo para se livrar da cadeia e voltar a disputar eleições, o que significa que as raposas felpudas na Câmara entendem que ele lhes deve mais do que o contrário. É um jogo de poder em que ninguém se mostra grato.
Uma Situação Tensa
O Senado, todavia, pode ser mais leniente em relação a Bolsonaro e ao que ele representa, especialmente em 2026. O Judiciário, por sua vez, pode demorar mais tempo para tratar da aguardada denúncia contra o ex-presidente, o que poderia acontecer próximo do Carnaval, com as Casas legislativas sob nova direção. Essa dilatação do prazo não altera o fato de que uma peça de acusação robusta está em curso.
Preparação para Golpe de Estado
A denúncia promete ser longa e sua principal linha de ataque é a ‘preparação para golpe de Estado’. Embora seja difícil de ser provado na Justiça, essa acusação pode ser mais convincente em um julgamento político e moral. A tarefa da defesa de Bolsonaro será desmontar o todo a partir de suas partes, mas ainda não se sabe em detalhes o que caiu nas mãos da Polícia Federal e da Abin durante os inquéritos.
Falta de Pressão Política
O ambiente político após as eleições municipais sugere que é ilusório o surgimento de uma atmosfera de alta pressão no Legislativo capaz de moderar a aguardada dura resposta ‘institucional’ do MPF e do Judiciário aos anos de Bolsonaro. Resta talvez a voz rouca das ruas, que anda meio apagada.
Fonte: @ Estadão
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