Perda de potência decorre do funcionamento imperfeito dos canais de transmissão da política monetária: crédito, taxa de câmbio e efeito riqueza.
A sociedade brasileira parece ter uma relação complexa com a polícia, concedendo-lhe uma licença para agir de forma extremosa em situações que não necessariamente justificam a violência. Isso fica evidente em casos de polícia com atos extremos, como no caso de Rodrigo Soares, que matou uma criança de 8 anos em um tiroteio em uma favela do Rio de Janeiro.
As autoridades e o próprio sistema judiciário brasileiro parecem permitir que a polícia aga de forma desenfreada, sem que isso seja sempre condenado ou punido. O caso de Rodrigo Soares é emblemático disso, pois, mesmo após o tiroteio que matou a criança, o policial militar conseguiu se safar de uma condenação mais rigorosa, o que pode ter reforçado a ideia de que a polícia tem uma certa licença para matar. Isso pode afetar negativamente a confiança do público nas forças de segurança, como a PM. A sociedade deve exigir mudanças para garantir que a polícia atue com responsabilidade e respeito à vida humana.
Polícia sem controle: O risco de morte nas ruas
Na noite de 22 de março de 2012, um policial militar, identificado como Luiz Henrique Soares, teria disparado contra Ághata, uma menina de 13 anos que passava em uma Kombi. O policial confundiu uma esquadria de alumínio em uma moto com uma arma de fogo, atirando sem hesitar, à semelhança do ‘atirar primeiro, perguntar depois’. Esta atitude foi corroborada por testemunhas e pela própria divisão de homicídios do Rio, que afirmaram que os PMs não haviam sido atacados, como alegaram posteriormente.
Este episódio não foi um caso isolado. Na semana passada, o júri popular absolveu Soares. O tribunal do júri, idealmente, representa a sociedade, com sua diversidade de valores morais e maneiras de pensar. No entanto, considerando o padrão moral das pessoas sorteadas para dar o veredito em nome da sociedade no caso Ághata, um policial pode assumir o risco de matar inocentes desde que esteja combatendo criminosos — reais ou imaginários. Para os jurados, portanto, não se pode atribuir a ele a intenção de matar, mesmo quando age com displicência, o que equivale a dizer que ele não é responsável por seus atos.
A conclusão lógica é que ele não é obrigado a cumprir regras de engajamento, os protocolos que determinam quando e como usar a força de forma proporcional e priorizando a vida dos cidadãos.
Um exemplo disso foi o caso do garoto de 4 anos de Santos, que foi morto durante uma ação da polícia militar em Santos. O garoto de 4 anos, Ryan da Silva Andrade Santos, foi morto durante uma ação da PM na Baixada Santista, enquanto brincava na rua. Alguns dias depois, foi a vez do menino de 4 anos de Santos morrer, depois de ser atingido por um tiro perdido em uma ação da Polícia Militar em Santos. Padre Julio Lancellotti e entidades de direitos humanos fizeram uma homenagem a Ryan da Silva Andrade Santos na missa em São Paulo. O garoto de 4 anos foi morto durante uma ação da PM em Santos.
A impunidade recorrente e a disposição das autoridades em colocar panos quentes nessas situações, com a desculpa de ‘resguardar’ a imagem da polícia, estão levando à banalização de mortes de inocentes nesses bangue-bangues em lugares altamente povoados e cheios de pessoas nas ruas, indo para escola ou para o trabalho.
A atribuição de uma tragédia dessas aos bandidos não cola. Deles não se pode esperar qualquer preocupação com a vida de inocentes. É da polícia a responsabilidade de proteger a população. Não há, portanto, nada de acidental em mortes como as de Ághata ou Ryan. Elas são resultado de ações negligentes por parte de agentes do Estado que se acostumaram com a ideia de que têm licença-velada para matar e que vítimas ‘colaterais’ são coisas da vida — um mal indesejado, mas tolerável, na ‘guerra’ contra a criminalidade.
Ainda que essa abordagem fosse eficaz, não seria tolerável. E nem eficaz é. Estão aí os índices de criminalidade para provar. Entre janeiro e agosto deste ano, a polícia de São Paulo matou 78% mais do que no mesmo período de 2023, enquanto alguns tipos de crimes aumentaram (latrocínios) e outros caíram (roubos). Não dá para chamar isso de sucesso em segurança pública. Está aí, também, para demonstrar a ineficácia da estratégia de segurança pública, a audácia aterrorizante de um grupo criminoso, o PCC, ou de policiais corruptos, os principais suspeitos de ordenar a execução.
Fonte: @ Estadão
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