Análise de atividades pode oferecer insights para gestão empresarial, considerando fatores como centro-direita, esquerda, extrema-direita, zeladoria e transporte público.
A análise das eleições municipais de 2020 é dominada por interpretações que colocam o voto na ideologia como o fator decisivo. Muitos analistas classificam a eleição como uma vitória da centro-direita, enquanto outros consideram que a derrota da esquerda foi o resultado mais significativo. Não obstante, uma abordagem mais cuidadosa das eleições municipais pode revelar uma realidade mais complexa. É preciso levar em consideração a influência do administrador em cada uma das cidades e como esse papel pode ter influenciado o resultado das eleições.
Em alguns municípios, a ideologia pareceu ser o motor principal da vitória de candidatos de centro-direita, o que foi interpretado como uma derrota da extrema-direita e da esquerda. No entanto, é preciso considerar que os eleitores não votam necessariamente por ideologia; muitos eleitores votam por candidatos específicos devido a diversas razões. Além disso, o papel do administrador e a influência do militante nas eleições não devem ser subestimados. O administrador tem o poder de influenciar a percepção dos eleitores sobre o candidato e o partido, o que pode afetar o resultado do voto. Por isso, é fundamental entender também as vestes ideológicas de cada administrador e como elas podem ter influenciado o resultado das eleições.
Falta de propostas ideológicas
A despeito de todas as pautas, tanto a esquerda como a extrema-direita não desenvolveram propostas coerentes para o que realmente importa: a gestão eficaz de uma cidade, que envolve zeladoria, transito urbano, ensino básico e atendimento nos postos de saúde. Embora alguns eleitores possam rejeitar as chamadas pautas identitárias, como a questão da raça e do gênero, esses temas não são essenciais para os problemas diários enfrentados pela população.
A ideologia não é o foco principal
A realidade é que a ideologia não é o principal fator de preocupação para a maioria dos eleitores, especialmente quando se trata de administração municipal. O consultor político, que trabalhou em cinco campanhas eleitorais, sugere que a ideologia é apenas um processo secundário em relação ao que realmente importa: as propostas que garantirão o futuro melhor das pessoas. Isso vale tanto para a esquerda quanto para a direita (extrema), como demonstrado pelo caso do candidato que se baseou em temas como ‘livrar as crianças da pornografia’ em sua campanha eleitoral.
A necessidade de um administrador
A população não precisa de mais militantes ideológicos, mas sim de administradores eficazes que possam resolver os problemas diários, como colocar as crianças em creches seguras. O caso de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo é um exemplo emblemático disso. Embora a campanha tenha tentado apresentá-lo como administrador, a imagem de militante ideológico predominou, o que contribuiu para o fracasso da candidatura.
O voto ideológico e o eleitorado
O voto completamente ideológico é um luxo que apenas os mais ricos podem se permitir, pois eles não precisam dos serviços públicos quotidianamente. Aqueles que utilizam a rede hospitalar privada, não colocam seus filhos em creches e não utilizam o transporte público são os que mal conhecem o que faz uma máquina da prefeitura. No entanto, é essencial que os eleitores possam avaliar se uma prefeitura está indo bem ou mal com base nos serviços públicos oferecidos.
Eleições municipais e presidenciais
As eleições municipais não são bons preditores para as presidenciais, pois o voto para presidente é muito mais ideológico. O presidente é um líder simbólico de uma nação e muito mais está em jogo além de questões administrativas e econômicas. No entanto, para 2026, a questão da falta de propostas ideológicas se tornará ainda mais crítica.
Fonte: @ Estadão
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