Acabar com o que está aí pode ser diferente dependendo do setor. A grande dificuldade de ondas disruptivas é definir claramente seus objetivos estratégicos, como uma mão de ferro na agenda clara.
A figura política de Jair Bolsonaro parece estar passando por um processo de desgaste acelerado, especialmente após a derrota nas eleições de 2022. Embora o ex-presidente tenha perdido a eleição, o potencial de votos contrários ao sistema e de direita, que ele representava, parece ter aumentado desde então.
No entanto, é curioso notar que a influência política de Bolsonaro está diminuindo, especialmente na capital paulista. Isso pode ser um sinal de que o eleitorado está procurando por novas opções e lideranças políticas. A direita brasileira está em busca de um novo líder. Embora o legado de Bolsonaro ainda seja forte, é provável que sua influência política continue a declinar nos próximos anos. O futuro da direita brasileira é incerto.
A Ascensão de Bolsonaro e a Onda Disruptiva
Em São Paulo, Pablo Marçal é considerado o herdeiro óbvio de uma tendência política que busca mudar a vida das pessoas ‘arrebentando’ com o sistema atual. No entanto, as lições deixadas por Bolsonaro, que Marçal ainda não parece ter assimilado, são que a parte mais fácil da trajetória política é surfar a onda dos sentimentos gerais de angústia e impotência diante da percepção de uma mão de ferro do STF, da Receita e da burocracia, agravadas pelo medo gerado por questões de segurança pública e o dia a dia travado, sobretudo de empreendedores. Jair Bolsonaro, em seu discurso durante o ato na avenida Paulista que pediu o impeachment de Alexandre de Moraes, no último 7 de Setembro, exemplifica essa tendência.
A grande dificuldade de ondas disruptivas, como as de Bolsonaro antes e Marçal agora, é definir claramente seu eixo de ação e, portanto, seus objetivos estratégicos — além da óbvia conquista do poder. Bolsonaro nem sequer criou uma estrutura razoavelmente hierarquizada, o que espelha fielmente a falência de partidos políticos no Brasil. Essas agremiações são essenciais para se governar no sistema brasileiro que ainda perdura. Conforme o próprio Bolsonaro demonstrou, revelou-se uma ilusão fatal supor que o personagem ‘conectado com os anseios populares’ trafegue como quiser no semipresidencialismo jabuticaba, acrescido do STF.
O Voto de Direita e a Falta de Partidos com Definição Ideológica
O que se pode chamar de ‘voto de direita’ — e não só o voto ‘antissistema’ — padece, em primeiro lugar, da falta de partidos com definido propósito ideológico. Resultado direto do fato de que no Brasil inexiste uma clara definição do que é ‘ser conservador’ ou ‘liberal conservador’. Portanto, de agendas prioritárias além de chavões como ‘diminuir o tamanho do Estado’. O momento político da onda antissistêmica e que engloba ‘a direita’ vai dependendo de várias agremiações ou representações setoriais que não são unidas. Sem capacidade até aqui de conduzir alianças — e consensos —, especialmente num ambiente de alto fracionamento, como é o do Legislativo, e de enorme bagunça institucional.
Num universo eleitoral tão amplo cabem várias figuras de ponta, o que já se antevê para 2026. O problema é quando só uma delas acha que é dona da agenda. A falta de uma agenda clara e definida pode levar a uma fragmentação ainda maior do voto de direita, tornando difícil a conquista do poder e a implementação de políticas eficazes. É fundamental que os líderes políticos, incluindo Bolsonaro, trabalhem para criar uma agenda clara e unificada para o voto de direita, caso contrário, a onda disruptiva pode se perder no caminho.
Fonte: @ Estadão
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