Polícia Militar prioriza policiais não de policiamento territorial, ex-ouvidor e ex-secretário criticam.
A promoção de novos capitães pela Polícia Militar (PM) de São Paulo, que priorizou policiais que não atuam nas ruas, abriu um novo capítulo da crise que afeta a corporação há tempos. Essa decisão gerou reações negativas entre os policiais que atuam nas ruas, que se sentem desprestigiados pela falta de reconhecimento.
A crise que atinge a Polícia Militar de São Paulo está longe de se resolver. O conflito entre os policiais que atuam nas ruas e os que ocupam cargos de chefia pode levar a uma situação de intransigência que afeta negativamente a segurança pública da cidade. É preciso encontrar um equilíbrio e um diálogo entre as partes para superar essa crise e garantir a eficiência da corporação em proteger a população.
Crise na Polícia Militar se aprofunda com promoções de oficiais
A crise que abala a Polícia Militar de São Paulo, marcada por episódios de abuso da força policial, ganhou mais um capítulo com a promoção de apenas três oficiais de patrulhamento territorial dentre 16 escolhidos por merecimento na semana passada. Os demais novos promovidos estão em áreas como Corpo de Bombeiros, Polícia Ambiental, Diretoria de Cultura, Comunicação Social e Escola de Educação Física. Interlocutores da polícia demonstraram insatisfação com a decisão da Secretaria de Segurança Pública, que afirmou ter usado critérios técnicos nas escolhas.
Ouvidor das Polícias de São Paulo até a última terça-feira (17/12), Cláudio Aparecido, afirmou que a decisão da PM agrava a crise enfrentada pela corporação, criticada por episódios de abuso da força policial no último mês. ‘É mais uma razão para gerar desconforto e constrangimento dentro da PM.Contribui com o descontrole da tropa e deixa a crise mais aguda. A decisão baseou-se em uma lógica de desprestígio do trabalho operacional’, disse Aparecido à Coluna do Estadão.
A crise se agrava com a perda de confiança dos policiais, que sentem que estão sendo desmotivados e desestimulados a trabalhar em áreas de alta exposição, como o policiamento nas ruas. ‘É uma sinalização claríssima de que o patrulhamento, função arriscada e que envolve o principal contingente da PM para prevenção de crimes, não tem incentivo do governo.A tropa fica desmotivada e sabe que não vai ser promovida, ao contrário dos policiais em postos burocráticos ou unidades especiais. Quanto mais longe da linha de frente, mais chance de promoção’, afirmou o ex-secretário nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM.
A crise da PM tem reflexos em todo o sistema de segurança pública, com consequências para a população. O enterro do menino Ryan Andrade Santos, de 4 anos, que morreu baleado após uma ação da PM no Morro São Bento, em Santos (SP), é um exemplo da gravidade da situação. ‘É o nível de gerência mais próximo do policial, que fica na linha de frente e atua no dia a dia’, completa Silva Filho.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que ‘tácnicas e procedimentos operacionais’ são insuficientes para a gestão policial, assegurando que a promoção por mérito foi feita com base em critérios técnicos e que a atuação policial está aprimorada constantemente.
Fonte: @ Estadão
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