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Agricultores de diferentes partes do Rio Grande cobram regulamentação da MP 1247 para renegociar dívidas e custear a próxima safra. SOS Agro em movimento.
Agricultores pequenos, médios e grandes participaram do Tratoraço em Porto Alegre – um movimento organizado pelo SOS Agro RS que contou com a presença de políticos e representantes do setor agrícola para discutir a Medida Provisória 1247. Durante o evento, os participantes levaram seus tratores para as ruas da capital em um ato de união e protesto.
O Tratoraço foi uma manifestação significativa no cenário agrário do Rio Grande do Sul, reunindo diferentes setores da sociedade rural em um evento marcante. A presença dos agricultores demonstrou a importância do diálogo e da mobilização coletiva para enfrentar os desafios do setor agrário. A manifestação foi um exemplo de como a união dos produtores pode gerar impacto e promover mudanças positivas no meio rural.
Tratoraço: Manifestação Agrícola em Porto Alegre
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A Medida Provisória 1247 foi publicada na semana passada pelo governo federal para ajudar os produtores rurais gaúchos afetados pelas inundações, mas ainda precisa de regulamentação para começar a valer. Por isso, a principal reclamação dos produtores rurais é a demora na publicação do decreto, que trará, por exemplo, as regras para a renegociação das dívidas.
Enquanto isso, os agricultores dizem que estão sem dinheiro para começar a plantar a próxima safra. De Minas do Leão, o agricultor Vilmar Albino Dresch conta que ainda não sabe o que fazer para custear o plantio. ‘Estamos sem dinheiro para seguir. Talvez vou reduzir a área de plantio, se desfazer de algo, algum patrimônio, para poder comprar os produtos’, reflete, em conversa com o Agro Estadão. Dresch planta soja e milho em 1.700 hectares no município distante 100 km da capital.
Ele acompanhou os discursos de autoridades e representantes de entidades ligadas ao agronegócio que aconteceram durante mais de quatro horas na Casa do Gaúcho, estrutura dentro do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, região central de Porto Alegre. Com o prédio lotado, ele ficou do lado de fora, com outros tantos produtores rurais que viram o evento por um telão.
Ingo Ruppenthall, de Ibirubá, viajou mais de cinco horas em um ônibus que transportou 55 agricultores até Porto Alegre para o Tratoraço. Ele conta que perdeu ‘pouco’ com as chuvas excessivas que caíram na região. ‘Perdi 30% da lavoura, é pouco perto dos que perderam tudo. Nosso município está em situação de emergência, não de calamidade’, diz.
Ele não comprou os insumos para o plantio do milho, que começaria em 15 de agosto, nem para o da soja, em 15 de outubro. Diz que está ‘na expectativa sobre o que vai acontecer’. E um dos principais pontos que espera é a prorrogação da suspensão do pagamento das parcelas de dívidas. O prazo dado pelo governo federal termina em 15 de agosto e especula-se de que será estendido para 15 de dezembro.
Quem também não comprou os insumos nem preparou o solo para receber o próximo plantio de arroz é a produtora Marília Terra Lopes, de Barra do Ribeiro. Ela conta que o grão da soja colhida após as chuvas chegou a apresentar umidade acima de 40% e, por isso, a produção não teve rentabilidade. O excesso de água prejudicou também o pasto do gado. ‘O solo está muito encharcado e o pasto não veio. Então, tivemos que nos desfazer de muitos animais’, lembra.
Governador do RS diz que mobilização continua
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, participou do início do evento e enalteceu o movimento. Ele também afirmou que o governo federal tem dado muito pouco ao estado. ‘O nosso estado não vai aceitar ser tratado como algo menor e não vai deixar que olhem para essa situação difícil que estamos vivenciando, diminuindo ou
Tratoraço: Protesto Agrário em Defesa dos Produtores Rurais
desvalorizando a importância do setor agrícola’, ressaltou Leite. O evento reuniu diferentes partes do Rio Grande do Sul em uma manifestação pacífica que demonstrou a união dos pequenos e médios agricultores em busca de soluções para os desafios enfrentados.
O movimento SOS Agro ganhou força com a presença maciça dos produtores rurais, que clamam por medidas efetivas para garantir a sustentabilidade do setor. A regulamentação da Medida Provisória 1247 é vista como um passo crucial para atender às demandas do campo e promover o desenvolvimento agrário de forma justa e equilibrada.
Os participantes do Tratoraço destacaram a importância de unir forças em prol de um objetivo comum: defender os interesses dos produtores rurais e garantir condições dignas de trabalho no campo. O evento foi marcado por discursos emocionados e reivindicações contundentes, que ecoaram por toda a região.
A mobilização dos agricultores demonstrou a força e a determinação de um setor fundamental para a economia do estado. O Tratoraço foi apenas o início de uma série de ações que visam sensibilizar as autoridades e a sociedade sobre a importância do agronegócio para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Sul.
Os desafios enfrentados pelos produtores rurais exigem medidas urgentes e eficazes para garantir a continuidade das atividades no campo. A união de diferentes segmentos do agronegócio em torno do Tratoraço reflete a diversidade e a riqueza do setor, que contribui de forma significativa para a economia e o desenvolvimento do estado.
A voz dos agricultores ecoou por toda a região, reafirmando a importância de se unir em torno de causas comuns e lutar por um futuro melhor para o campo. O Tratoraço foi mais do que uma manifestação, foi um grito de alerta para a sociedade sobre a situação crítica enfrentada pelos produtores rurais e a urgência de se encontrar soluções efetivas para os desafios do setor.
Fonte: @ Estadão
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