Áreas queimadas, mudança de mix e Brasil no mercado mundial de açúcar. Mercado interno, Bolsa de Mercadorias, Centro de Tecnologia e Inteligência de Mercado apontam prejuízos contabilizados.
A cana-de-açúcar é uma das culturas mais afetadas pelas queimadas que têm assolado vários estados brasileiros, despertando a preocupação de entidades do agronegócio e de agentes de mercado. Os prejuízos seguem sendo contabilizados enquanto o risco de novos focos permanecem no radar.
Os canaviais são especialmente vulneráveis às queimadas, que podem causar perdas significativas na safra de cana-de-açúcar. Além disso, as queimadas também podem afetar a qualidade da cana, tornando-a menos adequada para a produção de açúcar e etanol. A prevenção é fundamental para evitar essas perdas e garantir a sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar no Brasil.
Impactos dos Incêndios na Cana-de-açúcar
A cultura da Cana-de-açúcar é uma das mais afetadas pelos incêndios no estado de São Paulo. De acordo com a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), mais de 181 mil hectares de áreas de Cana-de-açúcar e de rebrota foram queimados, resultando em um prejuízo estimado de R$ 1,2 bilhão. Essa situação tem afetado o Mercado interno, com altas nos preços do açúcar na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque. Já o etanol, por enquanto, mantém preços pressionados devido à disponibilidade estocada nas usinas.
Consequências para a Safra de Cana-de-açúcar
A SCA Brasil promoveu um debate sobre as consequências dessa conjuntura para a atual e próxima safra de Cana-de-açúcar. A especialista em Inteligência de Mercado do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Natália Calori, destacou a queda da produtividade canavieira devido ao déficit hídrico e ao efeito climático. ‘O reflexo do déficit hídrico se perdura e a gente começa a ter os diferenciais de produtividade mês a mês. Em julho, já [se observa] uma queda bastante expressiva de 11% e agora em agosto de 13,5%’. A queda de produtividade acumulada da atual safra é de 7,2%, frente ao mesmo período da safra passada.
Desafios Climáticos para a Cana-de-açúcar
A safra 2024/25 de Cana-de-açúcar apresenta um cenário climático desafiador, com o pior déficit hídrico acumulado dos últimos 25 anos. ‘A gente é marcado pelo maior déficit da história, então, antes de acabar setembro a gente tem um déficit de mais de mil milímetros e isso prejudicou bastante o desenvolvimento das lavouras’, afirma Calori. As regiões mais afetadas estão no estado de São Paulo, principalmente Araçatuba, Assis, São José, onde os reflexos das queimadas ainda devem se refletir nos próximos meses.
Queimadas e Perdas para os Canaviais
Somente na última quinzena de agosto, cerca de 400 mil hectares de áreas de Cana foram queimados no Brasil, com principal destaque para regiões do estado de São Paulo. ‘Usando nossos dados, de lavouras do CTC, nossa percepção sobre a qualificação é de que 60% dos Canaviais queimados eram de áreas mais avançadas, acima do quarto corte [lavoura mais velha], e o restante praticamente de áreas de primeiro corte [Canaviais mais jovens], e essa é uma Cana que viraria muda e que agora está em cheque’, comenta Natália Calori. Ela reforça que ‘ainda não está muito preciso, muito diagnosticado qual vai ser o reflexo de rebrota e como isso vai impactar de fato o cenário de Prejuízos contabilizados’.
Fonte: @ Estadão
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