João Jardim dirige Valentina Herszage, uma jovem judia que foge da guerra e do antissemitismo no Leste Europeu, se tornando uma prostituta, vítima da exploração sexual.
O tráfico de mulheres do Leste Europeu, muitas das quais judias, teve um impacto profundo na história do Brasil. Entre meados do século 19 e a Segunda Guerra Mundial, essas mulheres foram atraídas para o país com promessas falsas de emprego ou uma vida melhor, mas acabaram se tornando vítimas do tráfico e da exploração sexual. Muitas delas não tiveram a oportunidade de contar sua história e por isso sua luta pela sobrevivência naquele momento da história é lembrada somente por meio de estudos e pesquisas.
Algumas dessas mulheres, especialmente aquelas que logo foram traficadas e exploradas, compartilharam histórias de dor e perda. Eles foram forçados a viver em condições precárias e sem direitos, sofrendo com a exploração e o abuso. Infelizmente, o impacto disso ainda é sentido hoje em dia, com muitas dessas mulheres e suas famílias ainda lutando por justiça e reconhecimento. É essencial lembrar a importância de combater o tráfico e promover a dignidade e os direitos das mulheres em todo o mundo.
Memórias de uma história apagada
O cinema, como instrumento de resgate, é fundamental para relembrar as histórias das mulheres, principalmente aquelas que foram trazidas para o Brasil e outros países da América do Sul, enganadas e exploradas no tráfico de sexual. As Polacas, um filme dirigido por João Jardim, estreia nesta quinta-feira, 12, com o propósito de resgatar a existência e a resistência dessas mulheres, suas histórias de luta e a importância deles serem lembradas.
Um filme que mostra mulheres do Leste Europeu vulneráveis ao tráfico
As mulheres, originárias do Leste Europeu, eram atraídas para o Brasil com promessas de um melhor futuro, mas em vez disso, acabavam sendo exploradas em redes de prostituição e tráfico de mulheres dirigidas por indivíduos como Tzvi, que se beneficiavam do medo e da vulnerabilidade dessas mulheres. O filme é uma história de resistência e a luta dessas mulheres contra a exploração sexual.
Uma comunidade judaica marcada pelo medo e pela vergonha
Durante muito tempo, a comunidade judaica temia abordar essa história porque, em algum nível, as pessoas tinham relação com polacas antigas – mesmo que não fosse direta, sabiam dos nomes. A comunidade sempre manteve essa história em segredo, o que levou a uma espécie de ‘apagamento’ da história. O diretor do filme, João Jardim, menciona que o Brasil sempre foi um país conservador, nunca levando em consideração as circunstâncias em que tudo aconteceu, mas essas mulheres sempre foram muito resistentes.
Uma história importante, não apenas para o Brasil, mas pela sororidade dessas mulheres
O filme conta a história de mulheres que fundaram a Sociedade da Verdade, uma associação de prostitutas judias que defendia essas mulheres e garantia que fossem sepultadas de maneira digna. A história de Rebeca, interpretada pela atriz Valentina Herszage, mostra uma mulher polonesa que foge do crescente antissemitismo na Europa e acaba sendo forçada a trabalhar sexualmente por uma rede de prostituição e tráfico de mulheres liderada por Tzvi.
Uma história de luta e resistência
Rebeca, com seu filho, desembarca no Rio de Janeiro, mas ao chegar, descobre que seu marido morreu repentinamente e acaba sendo forçada ao trabalho sexual. Ela é apenas uma das muitas mulheres que passaram pela mesma situação. O filme As Polacas é uma história importante de contar, não apenas pelo Brasil, mas pela sororidade dessas mulheres que lutaram e resistiram a uma situação difícil.
Uma parceria especial
A atriz Valentina Herszage, que interpreta Rebeca, expressou sua felicidade pelo sucesso do filme Ainda Estou Aqui, que concorre a dois Globos de Ouro. Ela também falou sobre sua parceria com o diretor Walter Salles e a atriz Fernanda Torres, destacando a importância de celebrar o pouco que a sociedade já caminhou em direção a uma mudança.
Fonte: @ Estadão
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