Livro sobre a compra do Twitter por Elon Musk, trazendo os bastidores da rede após a aquisição, com mudanças significativas e visão de quem trabalhava lá sobre o comportamento de Musk.
Passados mais de 30 dias desde o bloqueio do X no Brasil, a plataforma continua a refletir a nova direção que tomou desde que foi adquirida por Elon Musk. A rede social tem sido marcada por uma redução na moderação de conteúdo, o que tem permitido a disseminação de desinformação e discursos agressivos.
Essa mudança de rumo é um reflexo da visão de Musk, o bilionário que tem sido um defensor da liberdade de expressão, mesmo que isso signifique permitir a circulação de informações falsas ou ofensivas. A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas é importante encontrar um equilíbrio entre essa liberdade e a necessidade de proteger os usuários de conteúdo prejudicial. A questão é saber se o X conseguirá encontrar esse equilíbrio em um futuro próximo.
A Nova Fase da Rede Social
A história de como os últimos dois anos foram de mudanças significativas na essência do X está no livro ‘Limite de Caracteres: Como Elon Musk destruiu o Twitter’, escrito pelos jornalistas do The New York Times Kate Conger e Ryan Mac. Lançado no Brasil em 7 de outubro, pela editora Todavia, a obra traz os bastidores da companhia pela visão de quem trabalhava lá dentro.
Em entrevista ao Estadão, os autores contam como foi a criação do livro e fazem uma análise sobre o comportamento de Musk diante do bloqueio do X no Brasil e o embate do bilionário com a justiça brasileira. Para eles, a lealdade de Musk a Bolsonaro é um dos motivos pelos quais Musk resistiu tanto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
‘Nós debatemos se íamos incluir ou não muitas das coisas do Brasil no livro. Estou feliz por termos incluído porque elas prenunciavam muita coisa do futuro’, afirmou Mac ao Estadão. ‘Há muitos paralelos interessantes entre nossa política aqui nos Estados Unidos e no Brasil e a maneira como as pessoas usaram a plataforma para pedir violência política para vocês com o 8 de janeiro e para nós com o 6 de janeiro. Portanto, há muitos paralelos realmente interessantes a serem explorados e estamos muito animados com a disponibilidade do livro no Brasil’, completou Kate.
O Processo de Criação do Livro
Como foi o processo de criação de um livro cujo assunto tem novos desdobramentos a todo o tempo? Kate: Estávamos trabalhando em reportagens para o New York Times sobre a venda do Twitter e chegamos a um ponto em que estávamos acumulando tantas informações interessantes sobre a aquisição que sentimos que não poderíamos colocar tudo no jornal e que precisávamos de um formato mais longo para contar essa história. E acho que ambos consideramos a compra como algo realmente histórico que teria consequências para o discurso online por muito tempo. Queríamos capturar isso.
Ryan: Acho que uma das dificuldades deste livro é escrever sobre alguém que gera notícias todos os dias, várias vezes ao dia. E isso causa muitos problemas quando se tenta descobrir como terminar o livro ou o que incluir. Toda a velocidade de notícias sobre o X atrapalhou o fechamento da história? Kate: Tínhamos uma ideia muito clara de como seriam as duas primeiras seções do livro. Mas a terceira seção foi acontecendo à medida que escrevíamos. Então, era quase uma coisa diária, em que um de nós mandava uma mensagem para o outro dizendo: ‘Ah, isso tem que entrar no livro’. Foi difícil decidir onde parar. Por fim, decidimos terminar o livro com o encontro entre Elon Musk e Donald Trump. Achamos que esse era um bom ponto para preparar a história para a mudança política de Elon e seu envolvimento mais profundo na política. E, é claro, depois que paramos de escrever, foi quando ele apoiou Donald Trump. Desde então, ele tem se envolvido mais na política. Então, era um bom lugar para pararmos.
Fonte: @ Estadão
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