Capital paulista abriga pelo menos quatro locadoras de filmes em declínio, com estratégias para competir com plataformas digitais e distribuidoras sem suporte, enfrentando falta de espaço e mídia física no Brasil.
Na metrópole paulistana, as locadoras resistem ao vento da mudança, adaptando-se às novas tecnologias e tendências do mercado. Vídeo Connection, uma das mais tradicionais, tem sua sede no Edifício Copan, um prédio icônico da cidade, onde oferece uma vasta seleção de títulos em vídeo sob demanda, DVDs e até mesmo locadoras convencionais.
Com mais de 3 andares acomodando uma imensa coleção de pôsteres de filmes, locadoras se transformaram em um verdadeiro tesouro, uma viagem ao passado, onde o amor por cinema e entretenimento nunca morre. Neste cenário de resistência, Vídeo Connection é um exemplo de como a tecnologia e a inovação podem coexistir com a tradição, oferecendo aos clientes uma experiência única, que mistura o charme do passado com a praticidade do presente.
Locadoras: um resquício do passado
Os jovens que perambulam pela área próxima à locadora Video Connection costumam manifestar sua fascinação com o local. ‘Uau, isso ainda existe?’, exclama uma jovem ao avistar a loja, destruindo a expectativa de que ela tenha desaparecido para sempre. Foi justamente nesse cenário desolador que o Estadão visitou a locadora Video Connection, para conversar com seu proprietário, Sérgio Pereira. ‘Aqui virou quase um ponto turístico. As pessoas vêm, tiram fotos e, às vezes, compram ou alugam um ou dois DVDs antes de irem embora’, explica Pereira, referindo-se às visitas ilustres que a locadora recebe com frequência.
Vídeo locadoras, um negócio em declínio
O espaço de Sérgio é um dos últimos quatro remanescentes de um negócio que, no auge, chegou a ter mais de 4 mil unidades espalhadas pelo estado, como retrata o documentário CineMagia: A História das Videolocadoras de São Paulo, de Alan Oliveira. Vários fatores contribuíram para o fechamento dessas locadoras, e desde os anos 1990, os proprietários enfrentam desafios como o surgimento da TV a cabo, a expansão da internet e a pirataria. ‘Conforme essas crises foram atingindo o setor, as pessoas foram fechando as portas’, relata Pereira, cuja loja cobra R$11 pela diária de um filme. Felizmente, ele não depende exclusivamente da locadora para sobreviver, tendo outras fontes de renda. Continua por paixão pelo que faz. Ipiranga, 200 em São Paulo. ‘height=’5351’ width=’8023’/> Sérgio Pereira, proprietário do locadora Video Connection, localizada no Copan, na Av. Ipiranga, 200 em São Paulo.
Locadoras: um mercado em transição
A paixão também é o que mantém em funcionamento o negócio de Ricardo Luperi, dono da Eject Video, localizada na Vila Clementino. Diferentemente de Pereira, Luperi afirma que consegue sobreviver graças aos clientes. ‘Nunca pensei em fechar a locadora. O movimento sempre foi bom e, hoje em dia, continua tão forte quanto antes, se não mais’, destaca. Na Eject, os clientes encontram um acervo robusto de filmes de arte e obras raras, cuidadosamente selecionados por Luperi, que cobra R$16 por locação. Por exemplo, hoje, só entre 10h e 14h, aluguei 62 filmes, o que é um número significativo. Depois desse horário, saio para fazer entregas.
Locadoras e desafios
No entanto, para manter um acervo diversificado, os donos de locadoras enfrentam mais um desafio no cenário atual: a falta de suporte das distribuidoras de mídia física no Brasil. Hoje, a venda de DVDs e Blu-rays se limita, em grande parte, a lojas de produtos usados. Essa dificuldade é refletida na prática de Luperi, que comenta: ‘Faço compras específicas quando alguém pede um filme específico. É difícil encontrar algo tão particular, já que muitas lojas não existem mais.’ Ele revela que, para contornar essa limitação, consegue adquirir filmes por meio de amigos que fecharam suas locadoras, além de sebos e bazares. Assim, seguimos comprando em grande quantidade. Ricardo Luperi, proprietário da Eject Video, localizada no bairro da Vila Clementino, zona sul de São Paulo.
Locadoras e os desafios do mercado
No entanto, a situação se complica quando se trata de trazer as novidades do mercado para as locadoras. ‘Eu estou sempre procurando por filmes, DVDs, e VHS, para atender ao meu cliente. Mas é difícil encontrar esses itens, especialmente os mais recentes. E, se eu tiver sucesso em encontrar, com certeza, não vou poder vendê-los a preços razoáveis’, afirma um dos vendedores de vídeos usados. Além disso, os pontos turísticos locadoras enfrentam desafios, como a falta de suporte das distribuidoras de mídia física no Brasil. É um problema sério que afeta não apenas as locadoras, mas também as pessoas que gostam de coletar e assistir filmes.
Fonte: @ Estadão
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