Quebra na safra de cana-de-açúcar é estimada em 15% devido ao déficit hídrico, com 263 mil hectares destruídos em São Paulo, somando prejuízos em áreas de cana nesta safra.
No ano de 2024, a região Centro-Sul do país sofreu com incêndios devastadores que destruíram cerca de 414 mil hectares de canaviais, especialmente durante o mês de agosto. Essa perda representa um grande golpe para a economia local e nacional.
A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) estima que os prejuízos causados pelos incêndios e queimadas somam R$ 2,67 bilhões, além de afetar a produtividade da safra. A quebra na produção está estimada em 15%, segundo a Orplana, o que pode levar a uma redução significativa na oferta de cana-de-açúcar no mercado. Além disso, o fogo que consumiu os canaviais também pode ter um impacto ambiental a longo prazo, afetando a biodiversidade local e a qualidade do solo. A queima de canaviais é um problema recorrente no país e exige ações efetivas para prevenir e combater esses desastres.
Incêndios no estado de São Paulo: uma ameaça constante
O estado de São Paulo é o que concentra a maior área de queimadas no país, com um total de 263 mil hectares destruídos pelo fogo. Os prejuízos com os incêndios nos canaviais paulistas somam cerca de R$ 1,59 bilhão, de acordo com o CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira. Essa informação foi divulgada durante um webinar promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) no dia 4 de setembro.
Nogueira destacou que o momento mais crítico ocorreu em agosto, com mais de 11 mil focos de incêndios registrados, especialmente nas regiões de São José do Rio Preto, Araçatuba, Araraquara, Ribeirão Preto e Presidente Prudente. O déficit hídrico foi um dos principais fatores que contribuíram para as queimadas, segundo o executivo da Orplana.
Impactos dos incêndios nos canaviais
O CEO da Orplana explicou que a média de chuvas nos últimos dez anos é de 1.400 a 1.390 milímetros, aproximadamente, de novembro a abril. No entanto, neste ano, a média foi de apenas 200 a 220 milímetros a menos. Isso resultou em uma seca que afetou a safra 2023/24 e 24/25, levando a incêndios e prejuízos significativos.
Nogueira destacou que os hectares atingidos pelos incêndios não necessariamente resultam em 100% de perdas, mas há prejuízos significativos em qualidade e produtividade. Isso ocorre porque são consideradas as áreas de cana em pé e também de rebrota. ‘Claro que cada caso é um caso, mas existe uma média, um cálculo para se chegar a esses prejuízos’, explicou o porta-voz.
Incêndios continuam ocorrendo no Centro-Sul
De acordo com o executivo, incêndios continuam ocorrendo no Centro-Sul. Em Minas Gerais, por exemplo, houve ocorrências até o dia 20 de setembro, resultando em 60 mil hectares destruídos e um prejuízo de R$ 400 milhões aos produtores. Em Goiás, foram 43 mil hectares, em Mato Grosso, 19 mil, e em Mato Grosso do Sul, 28 mil.
Responsabilização pelos incêndios
O promotor de justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo, Flávio Okamoto, informou que 16 pessoas foram presas em flagrante como responsáveis pelos incêndios até o fim de setembro. No entanto, Okamoto não revelou nenhum proprietário ou produtor diretamente associado aos crimes. Entre os mencionados, o promotor revelou uma pessoa com problemas de dependência química, outro se dizendo associado a uma facção criminosa – afirmação desacreditada por Okamoto – e uma pessoa com desequilíbrio emocional. ‘O produtor, no caso, está sendo a maior vítima, disso porque, mesmo ele não tendo culpa, vai ter que repor a área de reserva legal, a área de preservação permanente’, destacou o promotor.
Fonte: @ Estadão
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