Criminosos abordavam profissionais de saúde, cobravam dívidas inexistentes; central telefônica clandestina, robôs, informações privilegiadas.
Um grupo de criminosos organizou uma central telefônica clandestina, em Campinas, no interior de São Paulo, que utilizava até robôs digitais para cometer fraudes contra profissionais da área da saúde em todo o país.
A operação desmantelou um dos maiores esquemas de fraudes já descobertos na região, revelando a sofisticação dos métodos fraudulentos empregados pelos criminosos para enganar as vítimas indefesas.
Fraudes em Saúde: Golpe com Informações Privilegiadas
Com informações privilegiadas, os criminosos abordavam profissionais de saúde e os compeliam a quitar dívidas inexistentes. O esquema fraudulento já enganou 475 vítimas em sete Estados, mas o número pode dobrar. Sete pessoas – quatro mulheres e três homens – foram presas em flagrante, mantendo suas identidades em sigilo. A reportagem não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos.
Segundo a investigação, o bando é suspeito de aplicar golpes em Estados como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco e Bahia. Eles tiveram acesso ao banco de dados de pelo menos uma grande cooperativa de serviços de saúde e, com essas informações, ligavam para as vítimas para informar e cobrar falsos débitos.
Os suspeitos se passavam ora como funcionários do setor de cobrança da cooperativa, ora como servidores de cartórios, oferecendo a quitação supostamente vantajosa das dívidas inexistentes. As vítimas eram ameaçadas de protesto ou exclusão da cooperativa.
O delegado Sandro Jonasson, do 11.º Distrito Policial de Campinas, responsável pela investigação, detalhou o modus operandi da quadrilha. Eles utilizavam aplicativos falsos com mensagens via celular para convencer as vítimas enganadas. As ligações fraudulentas eram feitas por robôs digitais que replicavam os recados automaticamente.
A estrutura empresarial montada pelos criminosos incluía computadores, robôs digitais, um grande número de celulares e chips. A magnitude do golpe ainda não teve o valor dos prejuízos divulgado, mas as autoridades destacam a gravidade da situação.
Alguns débitos eram reais, mas a cobrança era indevida. Em outros casos, os golpistas inventavam valores e ameaçavam desligar o profissional da cooperativa se não pagasse em determinado prazo.
Para dar uma ideia do montante do golpe, o delegado citou exemplos concretos: um médico da Bahia aceitou pagar R$ 36 mil em 12 prestações de R$ 3 mil cada, enquanto uma médica de Mato Grosso do Sul fez um Pix de R$ 8 mil para quitar uma dívida falsa de R$ 80 mil.
As investigações revelaram a atuação de uma facção criminosa por trás do esquema fraudulento. A central de golpes, localizada em Campinas, operava 24 horas por dia, sete dias por semana, com uma estrutura profissional que indicava a participação de uma organização criminosa. A apreensão de 30 celulares, mais de 100 chips, seis computadores e calhamaços com anotações e registros evidenciaram a complexidade do esquema fraudulento.
Fonte: @ Estadão
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