Dezenas de autores brasileiros e internacionais discutem guerras e crises, incluindo ambientais, até sábado no centro da capital, em busca de Tikun Olam, a reparação da sociedade, em meio ao extremismo da direita israelense.
A 3ª edição do Festival Literário no Museu Judaico de São Paulo (FliMUJ) está prestes a começar, e o tema central é a Guerra e seus impactos na sociedade. O mote “Tikun Olam”, que significa “reparar o mundo” em português, é o lema que guia as discussões e debates que ocorrerão durante o evento, que acontece de hoje até sábado, 21.
Entre os temas que serão abordados, está a Guerra e seus efeitos devastadores, que muitas vezes levam a um Conflito interno e externo. A Batalha pela paz e pela justiça é um desafio constante, e é preciso encontrar maneiras de Combater a violência e a intolerância. A educação é a chave para o futuro e é fundamental para construir um mundo mais justo e pacífico. Durante o FliMUJ, os participantes terão a oportunidade de discutir esses temas e encontrar soluções para os problemas que afetam a humanidade.
Conflitos e Batalhas: A Busca pela Paz
A edição de 2023 do Festival Literário do Museu Judaico contou com a presença do ativista Gerson Baskin, mediador da negociação entre o governo de Israel e o Hamas na troca do soldado israelense Gilad Shalit por 1.027 prisioneiros palestinos em 2011. A mesa de abertura, conduzida pela jornalista Thaís Bilenky, discutiu o tema ‘Como Terminar uma Guerra?’ e abordou a complexidade do conflito israelense-palestino. Baskin foi fundamental para a libertação de Shalit, que havia sido capturado e sequestrado pelo Hamas por cinco anos. A sociedade israelense estava dividida sobre a decisão de fazer o acordo, com alguns acreditando que era necessário e outros pensando que não.
O curador Daniel Dourek destacou a importância da mesa de discussão entre o escritor cubano Leonardo Padura e o historiador Avraham Milgram, que abordou a busca pela liberdade em meio às ortodoxias que nos rodeiam. O tema da mesa ‘Somos Todos Hereges?’ se refere à obra de Padura, que explora a história de refugiados do nazismo europeu que chegam em Cuba, mas são proibidos de desembarcar. Milgram, por sua vez, pesquisa a ascensão da extrema direita e do totalitarismo europeu, tendo sido diretor do Museu do Holocausto em Israel por muitos anos.
A Memória do Holocausto e a Guerra
A memória do Holocausto marca profundamente a experiência judaica em todo o mundo. Quando o Hamas atacou o Sul de Israel em 7 de outubro de 2023, essa lembrança foi invocada. A forma de responder a esses ataques também está relacionada à memória recente do Holocausto. O curador Daniel Dourek analisa que as mesas de discussão do festival abordam a dimensão atual de Israel, mas também levantam debates sobre o papel de cada indivíduo como criador e responsável pelas guerras, crises ambientais, políticas e sociais, e pelas desigualdades históricas.
A psicanálise, fundada por Sigmund Freud, também foi abordada no festival. As psicanalistas Isildinha Baptista Nogueira e Lia Vainer Schurman discutiram como resistir à incorporação de projeções preconceituosas do outro sobre si e como a discriminação penetra na subjetividade, nos processos educacionais e na socialização, gerando sentimentos como inadequação, auto-ódio e rejeição. A mediação foi feita pela psicanalista Ilana Katz.
A Busca pela Liberdade e a Guerra
A escritora Carla Madeira e o autor manauara Ilko Minev discutiram como percepções sobre o Brasil e grupos diversos – como indígenas e imigrantes europeus, árabes e judeus – inspiram seus trabalhos. Eles abordaram estratégias de escrita para alcançar tantos leitores e discutiram se há papel para o humor em tempos adversos ou se é melhor esperar as coisas melhorarem. A busca pela liberdade e a guerra são temas recorrentes em suas obras, que exploram a complexidade da condição humana em meio às crises e conflitos.
A mesa de discussão sobre a psicanálise também abordou a importância da reparação e do Tikun Olam, ou a reparação do mundo, em meio às crises ambientais e sociais. A busca pela liberdade e a guerra são temas que permeiam a sociedade israelense e a comunidade judaica em todo o mundo. A edição de 2023 do Festival Literário do Museu Judaico foi um espaço para discutir esses temas e buscar soluções para os conflitos e crises que afetam a humanidade.
Fonte: @ Estadão
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